quinta-feira, 21 de março de 2013

Catecismo - Parte XX

                           
CAPITULO III - CREIO NO ESPÍRITO SANTO

          683) "Ninguém pode dizer ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12,3). "Deus enviou a nossos corações o Espírito de Seu Filho que clama: Abbá, Pai!" (Gl 4,6). Este conhecimento de fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contato com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele quem nos precede e suscita em nós a fé. Por nosso Batismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem sua fonte no Pai, e nos é oferecida no Filho, nos é comunicada intimamente e pessoalmente pelo Espírito Santo na Igreja:

O Batismo nos concede a graça do novo nascimento em Deus Pai por meio de Seu Filho, no Espírito Santo. Pois os que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho; e o Filho os apresenta ao Pai, e o Pai lhes concede a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai, pois o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus se faz pelo Espírito Santo (santo Irineu) .




(Nota. Opinião pessoal do blogueiro sobre a imagem. Parte não integrante do catecismo oficial: O Espírito Santo é a Mãe de Deus e, por conseguinte, é a nossa Mãe, honra esta que compartilha caridosamente com a Virgem Maria, a pedido de Seu Filho, o Verbo-Cristo, encarnado em Jesus - Jo 19, 26-27. Assim, o Espírito garante de modo Universal para nós não só a Maternidade Espiritual, como também a maternidade propriamente humana, na figura da Nova Eva (a imaculada conceição), que é obra conjunta do Espírito Santo e do Filho, nos desígnios fixados pelo Pai desde o Gênesis. Vejam que Maria não é apenas "concebida sem pecado", mas por obra de Deus é a própria "imaculada conceição", sem a qual não poderia ter Se encarnado o Verbo Eterno. Assim, o Verbo Eterno é o Filho do Pai Eterno, mas é gerado/ungido pelo Espírito Eterno, que é a Sua Mãe - ver Lucas 1, 35 -, assim como é gerado na carne por Maria, em Sua humanidade imaculada. Tal mistério mariano (e sua especial relação com o Espírito Santo) ainda não nos foi totalmente revelado, mas desde a mais antiga era cristã, os discípulos de Jesus têm por Maria sincera devoção filial e a buscam como Mãe Espiritual, aquela que nos pode apresentar ao Filho, nos levar ao Filho, nos revelar o Filho, atribuição esta que na Trindade refere-se à missão própria do Espírito Santo. Ademais, não há outra criatura humana (exceto o próprio Filho, por óbvio) sobre a qual podemos dizer "kecharitomene", que em grego significa a "cheiíssima de Graça", a "cheiíssima do Espírito" (gratia plena, em latim). Tal é o testemunho das Escrituras - Lucas 1, 28- e da sagrada Tradição. O Espírito é de Deus, e procede do Pai e do Filho (e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado), porém é em Maria que Ele, o Espírito, repousa e permanece de modo misterioso, como a nos manifestar, ainda que por meio da referida virgem, a Sua maternidade Divina)


         684) O Espírito Santo, por sua graça, é a primeira Pessoa Divina no despertar de nossa fé e na vida nova que é "conhecer o Pai e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo" (Jo 17, 3). Todavia, é a última na revelação de todas Pessoas da Santíssima Trindade. São Gregório Nazianzeno, "o Teólogo", explica esta progressão pela pedagogia da "condescendência" divina:

O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mas obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho, fazendo entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito de cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de Si mesmo. Com efeito, não era prudente, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do Filho ainda não era admitida, acrescentar o Espírito Santo como um "peso" suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões "de glória em glória" que a luz da Trindade resplenderá em claridades mais brilhantes ( S. Gregorio de Nazanzeno., or. theol. 5, 26 : PG 36, 161C).

        685) Crer no Espírito Santo é, pois, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, "e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado" (Símbolo Niceno-constantinopololitano -SNC). É por isso que se tratou do mistério divino do Espírito Santo na "teologia" trinitária. Aqui, portanto, só se tratará do Espírito Santo na "Economia" divina.

        686) O Espírito Santo está em ação com o Pai e com o Filho desde o início até a consumação do Projeto de nossa salvação. Mas é nos “últimos tempos", inaugurados pela Encarnação redentora do Filho, que Ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa. Então este Projeto Divino, realizado em Cristo, "Primogênito” e Cabeça da Nova Criação, poderá tomar corpo na Humanidade pelo Espírito Santo difundido: a Igreja, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne e a Vida Eterna.



ARTIGO 8

"CREIO NO ESPÍRITO SANTO"

        687) "O que está em Deus, ninguém o conhece senão o Espírito de Deus" (1 Cor 2,11). Ora, é o Espírito Santo que nos revela Deus e nos dá a conhecer o Cristo, seu Verbo, Sua Palavra viva. Mas o Espírito Santo não Se revela a Si mesmo a nós. Aquele que "falou pelos profetas" (SNC) faz-nos ouvir a Palavra do Pai (que é o Cristo, o Verbo, o Filho). Mas, Ele mesmo, nós não O ouvimos. Só O conhecemos no momento em que nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-Lo na fé. O Espírito de Verdade que nos "desvenda o Cristo não fala de Si mesmo" (Jo 16, 13). Tal "apagamento", propriamente divino, explica porque "o mundo não pode acolhê-lo, porque não O vê nem O conhece", enquanto os que crêem em Cristo O conhecem, porque Ele permanece com eles (Jo 14,17).

        688) A Igreja, comunhão viva na fé dos apóstolos, que ela transmite, é o lugar de nosso conhecimento do Espírito Santo:

-> nas Escrituras que Ele inspirou;

-> na Tradição, da qual os Padres da Igreja são as testemunhas sempre atuais;

-> no Magistério da Igreja, ao qual Ele assiste;

-> na Liturgia sacramental, por meio de Suas palavras e de Seus símbolos, na qual o Espírito Santo nos coloca em Comunhão com Cristo;

-> na oração, na qual Ele intercede por nós;

-> nos carismas e nos ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;

-> nos sinais de vida apostólica e missionária;

-> no testemunho dos santos, no qual Ele manifesta Sua santidade e continua a obra da salvação.


I. A MISSÃO CONJUNTA DO FILHO E DO ESPÍRITO

        689) Aquele que o Pai enviou a nossos corações, o Espírito de Seu Filho (Gl 4,6) é realmente Deus. Consubstancial ao Pai e ao Filho, Ele é inseparável dos dois, tanto na Vida íntima da Trindade como em Seu dom de Amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade, vivificante, consubstancial e indivisível, a fé da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia seu Verbo, envia sempre seu Sopro: missão conjunta em que o Filho e o Espírito Santo são distintos, mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo que aparece, Ele, a Imagem visível do Deus invisível; mas é o Espírito Santo que O revela.

       690) Jesus é o Cristo (termo em grego que significa "o ungido"), porque o Espírito é a unção Dele, e tudo o que advém a partir da Encarnação decorre desta plenitude (Jo 3, 34). Quando finalmente Cristo é glorificado (Jo 7, 39), pode, por sua vez, de junto do Pai, enviar o Espírito aos que crêem Nele: comunica-lhes Sua glória (Jo 17,22), isto é, o Espírito Santo que O glorifica (Jo 16,14). A missão conjunta se desdobra, então, nos filhos adotados (nós) pelo Pai no Corpo de Seu Filho: a missão do Espírito de adoção será uni-los a Cristo e fazê-los viver Nele:



A noção da unção sugere... que não existe nenhuma distância entre o Filho e o Espírito. Com efeito, da mesma forma que entre a superfície do corpo e a unção do óleo nem a razão nem os sentidos conhecem nenhum intermediário, assim é imediato o contato do Filho com o Espírito, tanto que, para aquele que vai tomar contato com o Filho pela fé é necessário encontrar primeiro o óleo pelo contato. Com efeito, não há nenhuma parte do Filho que esteja privada do Espírito Santo. Por isso, a confissão do Senhorio do Filho se faz no Espírito Santo para os que a recebem, vindo o Espírito de todas as partes precedendo os que se aproximam pela fé (S. Gregorio e de Nissa).





domingo, 3 de março de 2013

Catecismo - Parte XIX



ARTIGO 6

"JESUS SUBIU AOS CÉUS, ESTÁ SENTADO À DIREITA DE DEUS PAI TODO-PODEROSO"


                              659) "E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 9). O corpo de Cristo foi glorificado desde o instante de sua Ressurreição, como provam as propriedades novas e sobrenaturais de que desfruta a partir de agora seu corpo em caráter permanente (Lc 24, 31; Jo 20,19.26). Mas, durante os quarenta dias em que vai comer e beber familiarmente com seus discípulos (At 10, 41) e instruí-los sobre o Reino (At 1, 3), Sua glória permanece ainda velada sob os traços de uma humanidade comum (Mc 16, 12; Lc 24, 15; Jo 20, 14-15; 21, 4). A última aparição de Jesus termina com a entrada irreversível de sua humanidade na glória divina, simbolizada pela nuvem (At 1, 9; cf. também Lc 9, 34-35; Ex 13, 22) e pelo céu (Lc 24, 51) onde já está desde agora sentado à direita de Deus (Mc 16, 19; At 2, 33; 7, 56; cf. também Sl 110, 1). Só de modo totalmente excepcional e único Ele se mostrará a Paulo, a este "como a um abortivo", (1 Cor 15,8) em uma última aparição que o constitui apóstolo (1 Cor 9, 1; Ga 1, 16).

                              660) O caráter velado da glória do Ressuscitado durante esse tempo transparece em sua palavra misteriosa a Maria Madalena "Ainda não subi para o Pai. Mas vai aos meus irmãos e dizer-lhes que Eu subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus" (Jo 20,17). Isso indica uma diferença de manifestação entre a glória de Cristo ressuscitado e a de Cristo exaltado à direita do Pai. O acontecimento ao mesmo tempo histórico e transcendente da Ascensão marca a transição de uma para a outra.

                              661) Esta última etapa permanece intimamente unida à primeira, isto é, à descida do Céu realizada na Encarnação. Só aquele que "saiu do Pai" pode "retornar ao Pai": Cristo (Jo 16, 28). "Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem" (Jo 3,13; Ef 4, 8-10). Entregue a suas forças naturais, a humanidade não tem acesso à "Casa do Pai" (Jo 14,2), à vida e à felicidade de Deus. Só Cristo pôde abrir esta porta ao homem, "de sorte que nós, seus membros, tenhamos a esperança de encontrá-lo lá onde Ele, nossa cabeça e nosso princípio, nos precedeu".



                              662) "E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). A elevação na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. É o começo dela. Jesus Cristo, o Único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não "entrou em um santuário feito por mão de homem... e sim no próprio Céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor" (Hb 9,24). No Céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, "por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive eternamente para interceder por eles" (Hb 7,25). Como "sumo sacerdote dos bens vindouros" (Hb 9,11), ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus (Ap 4, 6-11).

                              663) A partir de agora, Cristo está sentado à direita do Pai: Por direita do Pai, entendemos a glória e a honra da divindade, onde aquele que já existia junto do Pai como Filho de Deus (como Deus e consubstancial ao Pai), antes da existência de todos os séculos, depois de encarnar-se e de sua carne ser glorificada se sentou corporalmente (em sua humanidade, à direita do Pai (S. João Damasceno, com tradução livre do blogueiro).

                              664) O "sentar-se à direita do Pai" significa a inauguração do Reino do Messias, realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem: "A Ele foram outorgados o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o servirão. Seu império é um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído" (Dn 7,14). A partir desse momento, os apóstolos se tornaram as testemunhas do "Reino que não terá fim" (Simbolo Niceno-Constantinopolitano).


RESUMINDO

                              665) A ascensão de Cristo assinala a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste de Deus, donde voltará (At 1, 11), mas que até lá o esconde aos olhos dos homens (Cl 3, 3).

                              666) Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, nos precede no Reino glorioso do Pai para que nós, desde que membros de seu Corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele.

                              667) Tendo entrado de uma vez por todas no santuário do Céu (ou seja, de corpo, alma e espírito), Jesus Cristo intercede sem cessar por nós, como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.


ARTIGO 7

“DONDE VIRÁ PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS"

I. Ele voltará na glória

CRISTO JÁ REINA PELA IGREJA...

                              668) "Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,9). A Ascensão de Cristo ao Céu significa sua participação, também em sua humanidade, no poder e na autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos Céus e na terra. Está "acima de toda autoridade, poder, potestade e soberania", pois o Pai "tudo submeteu a seus pés" (Ef 1,20-22). Cristo é o Senhor do cosmo (Ef 4, 10; 1 Cor 15, 24. 27-28) e da história. Nele, a história do homem e mesmo toda a criação encontram sua "recapitulação" (Ef 1, 10) e sua consumação transcendente.

                              669) Como Senhor, Cristo é também a cabeça da Igreja, que, por sua vez, é o seu Corpo (Ef 1, 22). Elevado ao Céu e glorificado, tendo assim cumprido plenamente Sua missão, Ele permanece na terra, em sua Igreja. A redenção é a fonte da autoridade que Cristo, em Virtude do Espírito Santo, exerce sobre a Igreja. O Reino de Cristo já está misteriosamente presente na Igreja, germe e início deste Reino na terra (Lumen gentium; Constituição; Vaticano II).

                              670) Desde a Ascensão de Cristo, o desígnio de Deus entrou em Sua consumação. Já estamos na "última hora" (1Jo 2,18; 1 Pd 4, 7). Portanto, a Era final do mundo já chegou para nós, e a renovação do mundo está irrevogavelmente realizada e, de certo modo, já está antecipada nesta terra. Pois, já na terra, a Igreja se reveste de verdadeira santidade, embora imperfeita. O Reino de Cristo já manifesta sua presença pelos sinais milagrosos (Mc 16, 17-18) que acompanham seu anúncio pela Igreja (Mc 16, 20).


À ESPERA DE QUE TUDO LHE SEJA SUBMETIDO

                              671) Já presente em sua Igreja, o Reino de Cristo ainda não está consumado "com poder e grande glória" (Lc 21, 17; Mt 25, 31) pelo advento do Rei na terra. Esse Reino é ainda atacado pelos poderes maus (2 Ts 2, 7), embora estes já tenham sido vencidos em suas bases pela Páscoa de Cristo. Enquanto tudo não for submetido a Ele (1 Cor 15, 28), enquanto não houver novos céus e nova terra, nos quais habita a Justiça, a Igreja-peregrina leva consigo em seus sacramentos e em suas instituições, que pertencem à idade presente, a figura deste mundo que passa, e ela mesma vive entre as criaturas que gemem e sofrem como que dores de parto, até o presente, e aguarda a manifestação dos filhos de Deus. Por esse motivo os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia (1 Cor 11, 26), para apressar a volta de Cristo (2 Pd 3, 11), dizendo-lhe: "Vem, Senhor" (1 Cor 16, 22; Ap 22, 17. 20; Ap 22,20).

                              672) Cristo afirmou, antes de Sua Ascensão, que ainda não chegara a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel (At 1, 6-7), que deveria trazer a todos os homens, segundo os profetas (Is 11, 1-9) a ordem definitiva da Justiça, do Amor e da Paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho (At 1, 8), mas é também um tempo ainda marcado pela "tristeza" (1 Cor 7, 26) e pela provação do mal (Ef 5, 16), que não poupa a Igreja (1 Pd 4, 17) e inaugura os combates dos últimos dias (1 Jo 2, 18; 4, 3; 1 Tm 4, 1). É um tempo de expectativa e de vigília (Mt 25, 1. 13; Mc 13, 33-37).



O ADVENTO GLORIOSO DE CRISTO, ESPERANÇA DE ISRAEL

                              673) A partir da Ascensão de Jesus, o advento de Cristo na glória é iminente (Ap 22, 20), embora não nos "caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade" (At 1,7; Mc 13, 32). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento (Mt 24, 44; 1 Ts 5, 2), ainda que estejam "retidos" tanto ele como a provação final que há de precedê-lo (2 Ts 2, 3-12).

                              674) A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história (Rm 11, 31) do reconhecimento Dele por "todo Israel" (Rm 11, 26; Mt 23, 39). Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na "incredulidade" (Rm 11,20) para com Jesus. São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e, deste modo, venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará Ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus, a quem o Céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: "Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, o que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?" (Rm 11, 15) A entrada da "plenitude dos judeus" (Rm 11, 12) na salvação messiânica, depois da "plenitude dos pagãos" (Rm 11, 25; cf. Lc 21, 24), dará ao Povo de Deus a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4, 13), na qual "Deus será tudo em todos" (1Cor 15,28).



A PROVAÇÃO DERRADEIRA DA IGREJA

                              675) Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes (Lc 18, 8; Mt 24, 12). A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra (Lc 21, 12; Jn 15, 19-20) desvendará o "mistério de iniquidade" sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a Si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne (2 Th 2, 4-12; 1 Th 5, 2-3; 2 Jn 7; 1 Jn 2, 18. 22).

                              676) Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode realiza-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, "intrinsecamente perverso".

                              677) A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor em Sua Morte e Ressurreição (Ap 19, 1-9). Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja (Ap 13, 8), segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal (Ap 20, 7-10), que fará Sua "Esposa" descer do Céu (Ap 21, 2-4). O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final (Ap 20, 12) depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa (2 Pd 3, 12-13).


II. Para julgar os vivos e os mortos

                              678) Na linha dos profetas (Dn 7, 10; Jl 3-4; Ml 3, 19) e de João Batista (Mt 3, 7-12), Jesus anunciou em sua pregação o Juízo do último Dia. Então será revelada a conduta de cada um (Mc 12,38-40) e o segredo dos corações (Lc 12, 1-3; Jo 3, 20-21; Rm 2, 16; 1 Cor 4, 5). Será também condenada a incredulidade culpada que fez pouco caso da Graça oferecida por Deus (Mt 11, 20-24; 12, 41-42). A atitude em relação ao próximo revelará o acolhimento ou a recusa da Graça e do Amor Divino (Mt 5, 22; 7, 1-5). Jesus dirá no último Dia: "Cada vez que o fizestes a um desses Meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes" (Mt 25,40).

                              679) Cristo é Senhor da Vida Eterna. O pleno direito de julgar definitivamente as obras e os corações dos homens pertence a Ele enquanto Redentor do mundo. Ele "adquiriu" este direito por sua Cruz. O Pai entregou "todo o julgamento ao Filho" (Jo 5,22; Jo 5, 27; Mt 25, 31; At 10, 42; 17, 31; 2 Tm 4, 1). Tendo o direito divino de julgar, contudo, o Filho não veio para julgar, mas para salvar (Jo 3, 17) e para dar a Vida que está Nele (Jo 5, 26). Portanto, tendo Jesus Cristo nos dado a Sua Vida para a nossa salvação, é pela recusa da Graça nesta Vida que cada um já se julga a si mesmo (Jo 3, 18; 12, 48), recebe de acordo com suas obras (1 Cor 3, 12-15) e pode até condenar-se para a eternidade ao recusar o Espírito de Amor (Mt 12, 32; Hb 6, 4-6; 10, 26-31).


RESUMINDO

                              680) Cristo Senhor já reina pela Igreja (porque venceu a Morte, o maior dos inimigos), mas ainda não Lhe estão submetidas todas as "coisas deste mundo". O triunfo do Reino de Cristo não se dará sem uma última investida das potências do mal.

                              681) No dia do juízo, por ocasião do fim do mundo, Cristo "voltará" na glória para realizar o triunfo definitivo dos bons sobre o maus, os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da história.



                              682) Ao vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um, segundo suas obras e na proporção em que tiver acolhido ou rejeitado Sua Graça.



(Nova Jerusalém - Adriana)