Um homem foi contratado por um pescador para que pintasse seu barco velho, dando-o um aspecto mais novo e bonito. O homem pegou, então, seus instrumentos de trabalho, seus pincéis, e uma tinta vermelha e brilhante. Foi até a praia, onde o barco velho se localizava, e começou a realizar seu trabalho assim como havia sido contratado para fazer, sem mais, nem menos. Devia apenas pintar o barco.
No entanto, enquanto pintava o barco, o homem percebeu que algumas gotas da tinta vermelha manchavam a areia da praia. O homem vasculhou detalhadamente todos os cantos do barco velho e percebeu que a tinta, ainda fresca, estava vazando e escorrendo por um pequeno furo na lateral do barquinho. Era um furo bem discreto, e quase ninguém o perceberia. O homem sabia que tinha sido contratado apenas para pintar o barco. Porém, decidiu também consertar aquele pequeno furo, para deixar o barco novinho em folha. O pescador ficaria muito feliz com aquele barco novinho. Pegou um pedaço de madeira novo, pregos, martelo, cola, e começou a consertar o furo do barco. Após o conserto, retocou a pintura do barco no lugar onde houvera o vazamento e esperou que a tinta secasse. No final da tarde, quando o pescador chegou à praia, o homem juntou seus instrumentos de trabalho, recebeu seu pagamento, como havia sido combinado, agradeceu ao pescador e despediu-se, seguindo para sua casa.
No dia seguinte, o pescador, dono do barco, foi até a casa do homem que pintara seu barco e presenteou-lhe com um cheque. O homem ficou sem entender, pois já havia sido pago no dia anterior.
--- Meu caro pescador, deve ter havido algum engano. O senhor já me pagou pela pintura do barco ontem.
--- Sim, mas esse cheque não é para lhe pagar pela pintura, e sim por ter consertado o vazamento do barco.
--- Ah! Aquilo? Mas tampar aquele pequeno buraco foi um serviço tão pequeno que não quis cobrá-lo. Certamente, você quer me pagar uma quantia muito alta por um serviço insignificante. Não posso aceitar!
--- Meu caro amigo, você não compreendeu! Quando pedi que você pintasse meu barco, esqueci-me de mencionar o vazamento. Depois que a tinta secou totalmente, meus filhos pegaram o barco e saíram para uma pescaria. Eu não estava presente no momento. Quando cheguei em casa e percebi que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois lembrei que havia um furo no barco. Certamente o barquinho não suportaria e afundaria. Meus filhos não sabiam nadar, e o mar estava bastante agitado naquele hora. Saí desesperado pela praia procurando pelos meus filhos. Imagina o alívio e a alegria que tive quando os vi retornando do alto mar, sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que o senhor o havia consertado. Percebe agora o que fez? Salvou a vida de meus queridos filhos. Dinheiro nenhum no mundo seria suficiente para lhe pagar por esse "pequeno" serviço. Na verdade, foi uma boa ação, pois nada tinha ficado acordado quanto a isso.
--- Meu senhor, agoro eu compreendo a sua gratidão! Eu a aceito de coração, porém não posso aceitar o dinheiro. Como o senhor bem disse, foi uma boa ação e não um serviço contratado. Fique com seu cheque e guarde o dinheiro para quando houver alguma necessidade urgente. Certamente precisará dele mais tarde. Agora, dê-me aqui um abraço apertado.
--- De hoje em diante seremos amigos. --- Disse o pescador, derramando uma pequena lágrima furtiva que dançou em seu rosto e encontrou refúgio nos ombros do outro homem.
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Essa história nos ensina uma grande lição: não importa para quem, onde, quando, de que maneira, devemos sempre ajudar naquilo que podemos e temos capacidade. Pode não custar nada para nós, mas pode salvar a vida de outros. Ajude, ampare, enxugue as lágrimas, conserte os vazamentos... sempre!
"Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos tenho amado. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos"
(João 15, 12-13).
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