segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estudo sobre os Anjos


                         Quem são os Anjos? Será que eles existem? Qual a sua natureza? Quantos Anjos existem? Por que são representados com asas? Eles podem intervir na vida do homem?
                             No princípio Deus criou todas as coisas, visíveis e invisíveis. Nossa própria razão pode conceber três gêneros possíveis de criaturas: as puramente materiais, as compostas de matéria e espírito (os homens) e as puramente espirituais (os Anjos). Santo Agostinho diz a respeito deles: “A palavra Anjos é designação de encargo, não de natureza; se perguntares pela designação do encargo, é um anjo; se perguntares pela designação de natureza, é espírito. É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo que faz”. Por todo o seu Ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus, pois contemplam constantemente a face do Pai que está no Céu (Mt 18,10). Os Anjos são seres mais perfeitos em natureza do que os homens, sendo dotados de uma inteligência luminosa e de uma vontade possante. Como nós, homens, os Anjos são seres individuais, dotados de inteligência e livre arbítrio, porém elevados por Deus à ordem sobrenatural, ou seja, foram chamados, pela graça, a participar da vida de Deus através da visão beatífica.
                             Os Anjos são respeitados por Deus em seu livre arbítrio e, de igual modo respeitam o livre arbítrio dos homens, podendo apenas protegê-los e aconselhá-los, sem ferir a sua vontade. São Tomás de Aquino afirma que os anjos foram talvez criados antes do mundo material e do homem. Por terem sido criados com livre arbítrio, alguns anjos, pelo pecado da soberba, do orgulho e da inveja, tornaram-se anjos decaídos, incapazes de amar a Deus e ao homem criado por Ele. Trata-se do querubim chamando Lúcifer, o primeiro anjo a se rebelar contra Deus. Sendo o mais lindo anjo do céu, Lúcifer (que significa “aquele que porta a luz”) queria ser superior a Deus e subjugar a criação à sua vontade. Não aceitava a condição especial de “filhos de Deus” concedida aos seres humanos pelo Criador, e por orgulho e inveja ocupa seu tempo deturpando toda a criação e tentando provar a Deus que os humanos são seres fracos e infiéis, atentando contra os homens e incentivando-os a praticarem atos que corrompam sua dignidade e maculem a graça que Deus os concedeu. Espalhando suas mentiras e ideais corrompidos, Lúcifer arrastou consigo a terça parte dos anjos do céu. A partir da queda, costuma-se chamar tais anjos de “demônios”, embora haja controvérsia quanto à etimologia da palavra.
                             Tanto a Bíblia quanto a tradição confirmam a existência dos Anjos. Sabemos da sua existência porque Deus a revelou. Na Bíblia, encontramos várias passagens que atestam sua atuação, situadas tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, desde o primeiro Livro (Gênesis) até o último (Apocalipse). Por exemplo, no Antigo Testamento encontramos citações revelando que os Anjos:

- Fecharam o paraíso terrestre depois do pecado de Adão e Eva;
- Protegeram Lot em Sodoma;
- Salvaram Agaar e seu filho Ismael no deserto;
- Anunciaram a Abraão e a Sara que teriam um filho;
- Detiveram a mão de Abraão quando ia sacrificar seu filho Isaac;
- Assistiram o profeta Elias.


Também, por exemplo, no Novo Testamento, os Anjos:

- Avisaram Zacarias do nascimento de João Batista;
- São Gabriel anunciou à Virgem Maria que fora escolhida por Deus para ser a Mãe do Redentor;
- Os Anjos louvaram a Deus pelo nascimento de Cristo;
- Revelaram a São José o mistério da Encarnação;
- Confortaram Jesus em sua agonia no Horto de Getsêmani;
- Apareceram na Ressurreição de Cristo.


                             Evidentemente, os Anjos não têm propriamente asas. As asas correspondem a uma representação artística que tornam evidente as qualidades espirituais sobre-humanas dos Anjos. A existência dos Anjos é uma verdade de fé, provada pela Escritura e pela Tradição, e definida solenemente pela Igreja como dogma no 4º Concílio de Latrão (1215) e ratificado pelo 10º Concílio do Vaticano (1870). Muitos teólogos, inclusive São Tomás de Aquino, deduzem que a quantidade de Anjos é superior à dos homens que já existiram desde o princípio dos tempos e que ainda existirão até o fim dos tempos.
                             Embora não conste na Revelação, é crença geral que existem diferenças entre os Anjos. De acordo com antiga tradição, os teólogos costumam agrupá-los em nove ordens ou coros, distribuídos em três hierarquias. Os nomes são encontrados na Sagrada Escritura.

                             A primeira hierarquia de anjos é composta de três coros: Serafins (Is 6,2), Querubins (Gen 3,24), e Tronos (Col 1,16). Os Anjos da primeira hierarquia contemplam e glorificam continuamente a Deus:

- Serafins assistem ante o trono de Deus e é seu privilégio estar unidos a Deus de maneira mais íntima, nos ardores da caridade.

- Querubins assistem também ante o trono de Deus, e é seu privilégio ver a verdade de um modo superior a todos os outros Anjos que estão abaixo deles.

- Tronos, que algumas vezes são chamados “Sedes Dei”, que significa “sejas de Deus”, também assistem ante o trono de Deus, e é sua missão assistir aos Anjos inferiores na proporção necessária.



(Música para meditação: Quando os anjos cantam II / Anjos de Resgate)



                             A segunda hierarquia de anjos é composta de três coros: Dominações (Ef 1, 20-21), Virtudes (1 Ped 3, 22) e Potestades (1 Ped 3, 22). Os Anjos da segunda hierarquia ocupam-se do governo do mundo:

- Dominações são assim chamados porque dominam sobre todas as ordens angelicais encarregadas de executar a vontade de Deus. Distribuem aos Anjos inferiores suas funções e seus ministérios.

- Virtudes, cujo nome significa “força”, são encarregados de eliminar os obstáculos que se opõem ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina Providência.

- Potestades, ou “condutores da ordem sagrada”, executam as grandes ações que tocam no governo universal do mundo e da Igreja, operando para isso prodígios e milagres extraordinários.



(Música para meditação: Manda seus anjos / Anjos de Resgate)




                             A terceira hierarquia de anjos é composta de três coros: Arcanjos (1 Tes 4, 15), Principados (Ef 1, 20-21), e Anjos (1 Ped 3, 22). Os Anjos da terceira hierarquia executam as ordens de Deus:

- Arcanjos são enviados por Deus em missões de maior importância junto aos homens. Nas Sagradas Escrituras são citados pelo nome os Arcanjos Rafael, Miguel e Gabriel.

São Miguel: Este nome vem do hebraico MI-CHA-EL, que significa: ”Quem como Deus?” ou ainda: “Nada é como Deus”. São Miguel é citado 3 vezes na bíblia Sagrada: no livro de Daniel, na carta de São Judas e no Apocalipse. Exemplificando, na primeira citação, no capítulo 12 do livro de Daniel, lemos: “Ao final dos tempos aparecerá Miguel, o grande Príncipe que defende os filhos do povo de Deus. E então os mortos ressuscitarão. Os que fizeram o bem, para a Vida Eterna, e os que fizeram o mal, para o horror eterno”. É costume representar São Miguel enfrentando o dragão infernal. Acredita-se que ele seja o chefe dos exércitos celestiais.

São Rafael: Do hebraico: “Deus te cura” ou “Medicina de Deus”. É um dos três Arcanjos mencionados na Bíblia. Foi o anjo enviado por Deus para curar a cegueira de Tobias e acompanhar o filho deste numa longa e perigosa viagem para conseguir uma esposa. Os Arcanjos simbolizam a fidelidade, o poder e a glória dos anjos.

São Gabriel. Seu nome significa: “Deus é meu protetor”, ou ainda “Homem de Deus”. Este Arcanjo é citado várias vezes na Bíblia Sagrada. Foi ele que anunciou ao profeta Daniel a vinda do Redentor. Ao Arcanjo Gabriel foi confiada a missão mais alta que jamais havia sido confiada a alguém: anunciar a encarnação do Filho de Deus. No Evangelho, São Lucas diz: “Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia, a uma virgem chamada Maria, e chegando junto a ela, disse-lhe: “Salve Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela ficou confusa, mas disse-lhe o anjo: “Não tenhas medo, Maria, porque estais na graça do Senhor. Conceberás um filho a quem porás o nome de Jesus. Ele será o filho do Altíssimo e seu Reino não terá fim”.



(Música para meditar: Meu Anjo amigo /Celina Borges).



                             No mundo material, o homem necessitava de um Salvador, para redimi-lo por ter pecado e ter sido expulso do paraíso terrestre. E Deus quis que esse Salvador tivesse natureza Divina e humana. E, portanto, deveria nascer de uma mulher. Maria, filha de Ana e Joaquim, esposa de José, foi, desde todo o sempre, predestinada a ser Mãe de Jesus Cristo, o nosso Salvador. Mas, como toda criatura, Maria tinha livre arbítrio e poderia não ter aceitado o plano de Deus. Um belo dia, há mais de 2000 anos, para convidá-la, apareceu-lhe o Anjo Gabriel.



(Música para meditação: Maria e o Anjo /Anjos de Resgate cd3 e Celina Borges)



                             Como dito, os Anjos da terceira hierarquia executam as ordens de Deus. Além de Arcanjos, a terceira hierarquia é composta de Principados e Anjos:

- Principados, como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as dioceses; são assim denominados pelo motivo de que sua ação é mais extensa e universal.

- Anjos são os que têm a guarda de cada pessoa em particular, para desviá-la do mal e encaminhá-la ao bem, defendê-la contra seus inimigos visíveis e invisíveis, e conduzi-la ao caminho da salvação. Velam por sua vida espiritual e corporal e, a cada instante, enviam as luzes, forças e graças que necessitam. Por isso são chamados “Anjos da guarda”.



(Música para meditação: Anjos, venham! / Anjos de Resgate)





(Texto publicado pela primeira vez em julho de 2008).




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Um comentário:

Mizi disse...

BIBLIOGRAFIA:

Os Santos Anjos – nossos celestes protetores, Plínio Maria Solimeo, Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltdª, São Paulo-SP, 1999.

Catecismo da Igreja Católica – Assuntos e respectivos parágrafos:

•Anjo e Cristo: 331, 538, 954, 1038, 1161;
•Anjo e Natal: 525, 559;
•Anjo e o céu: 326, 1023-29, 1053;
•Anjo Gabriel anuncia: 148, 2676;
•Anjos caídos: 391-93, 414, 760;
•Anjos da guarda: 336;
•Anjos podem desviar-se: 311;
•Existência como verdade de fé: 328;
•Imagens nas artes: 1192, 2131, 2502;
•Guardas dos homens: 336;
•Identidade e encargos: 329, 332-36, 350-52, 1034, 1352;
•Na anáfora: 1352;
•Na vida da Igreja: 334-35;
•Ordem cósmica e guarda dos anjos: 57.

Bíblia Sagrada, diversas citações referentes a:
•Natureza Angélica: (Dan 6, 21), (Tob 11, 15), (Dan 14, 15), (Gen 3, 1ss); etc.
•A prova dos anjos: “espíritos imundos” (Lc 8,29), “espíritos malígnos” (Ef 6, 12), “Eu via Satanás cair do Céu como um relâmpago” (Lc 10, 18), “Foi na soberba que teve início toda a perdição” (Tb 4, 14).
•Os nove coros angélicos: Serafins (Is 6, 1-3), Querubins (Gen 3, 24), (Sl 98, 1), e Tronos (Col 1, 16); Dominações (Ef 1, 20-21), Virtudes (1 Ped 3, 22) e Potestades (1 Ped 3, 22); Principados (Ef 1, 20-21), Arcanjos (1 Tes 4, 5) e Anjos (1 Ped 3, 22), (Sl 102, 20).
•Quantidade de Anjos: (Dan 7, 10), (Apoc 5, 11).
•Ministros da liturgia celeste: (Dan 3, 58-61), (Sl 102, 20), (Is 6, 2-3), (Apoc 8, 2-4), (Gen 28, 12).
•Guerreiros dos exércitos do Senhor: (1 Reis 22, 19), (Is 6, 2-3), (Apoc 12, 7), (Ex 12, 29), (Ex 14, 19), (2 Reis 19, 35), (cfr. 2 Mac 10, 28-32), (Mt 26, 53), (At 5, 18-20; 12, 1-11).
•Executores das vinganças de Deus: (cfr. Gen 19, 10-13), (At 12, 23), (Mt 13, 41, 42), (2 Tes 1, 7-9).
•Mensageiros celestes: (cfr. Lcf 1, 19), (cfr. Lc 1, 26-27), (Mt 1, 20), (Lc 2-11), (Mt 2, 13), (Mt 2, 19-20).
•Consoladores e confortadores: (falta explicitar as citações)
•Os anjos da guarda:
•Os três gloriosos arcanjos:

Internet, http://www.sab.org.br/anjos-raul.htm
Internet, http://osanjosdosenhor
Internet, http://ositedosanjos.vilabol.uol.com.br