sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O AMOR NOS TORNA RESPONSÁVEIS - Parte VIII



08. Um por todos, e todos por Um.


                              Quando se escolhe o Cristo, não se escolhe somente a Ele. Escolhe-se a humanidade. Cristo é a síntese da humanidade. O destino de toda a humanidade é a vida em comunhão. O egoísmo, o “cada um por/para si” é a destruição do ideal desta humanidade. É dar marcha-ré na história. Os fatos, por vezes, nos desiludem. As guerras, os nacionalismos, as separações, os ódios, todo o tipo de separação é uma negação do destino da humanidade. A presença disto parece colocar uma sombra sobre o mundo que impede de ver o autêntico ideal dos homens.
                              A unidade é a vocação do homem. Mais ainda do homem que escolheu o Cristo. O ideal de Cristo é a unidade: Ut sint Unum, sicut Nos unum sumus, ou seja, “que todos sejam Um, como Nós (Eu e o Pai) somos Um”. “Haverá um só rebanho e um só pastor”.



(A Videira Verdadeira: o Cristo é o Tronco, nós somos os ramos. O ramo que não estiver unido ao Tronco não produzirá uvas, será inútil, será lançado fora)




                              Não duvidamos que o destino da humanidade se realizará. Não interessa o tempo. Pouco importam os desanimados. Pouco importam os reacionários que impedem a evolução da humanidade. E os maiores reacionários são os pecadores. O pecado é a própria desunião. É a escolha da destruição. Apesar de tudo isso, o Cristão tem a certeza da realização da Unidade de todos os homens. Mas, para isso, cada um tem que fazer sua parte.

                              A história do cristianismo é dramática. Homens não duvidaram de dar sua vida pela Unidade. O Amor a Deus e ao próximo estava acima de qualquer outra realidade. A Igreja, que segundo Jesus é a União das pessoas na atividade do Espírito Santo do Cristo, nasceu manchada de sangue. Primeiro, do sangue de Jesus. Depois, do sangue dos mártires. Mártires que olharam a cruz e não duvidaram de fazer o mesmo gesto do Cristo, que pelo seu sangue começou a obra da Unidade.



                              Pessoas que compõem a Igreja, tenho algo muito importante para lhes dizer. Não se enganem! Cristianismo não é segregação, nem separação. Não é cada um na sua própria denominação religiosa, ou isolado na sua instituição evangélica protestante própria. Não é achar que só você que está lá é que vai receber a Vida Eterna, e excluir os outros. Discriminar os outros. Achar que os outros possuem menos valor que você mesmo. Isso não é cristianismo, nem nunca foi o desejo do Cristo. O desejo do Cristo sempre foi resgatar a Unidade perdida. A Unidade do homem com Deus e dos homens entre si. Por acaso, não foi ele quem amou a todos, independente de serem judeus, zelotas, samaritanos, saduceus, fariseus, cobradores de impostos? Ele por acaso se preocupou com sectarismos institucionais, com os pecados das pessoas? Por acaso, seus discípulos escolhidos não eram também pecadores e marginalizados pela sociedade? Foi Ele mesmo quem disse “Bem-aventurados os que promovem a Paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9), e “Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5, 43-48).

                              Foi Ele também quem disse: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21), e “Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8, 11). Se com todas e tantas outras palavras, Cristo não foi suficientemente claro em dizer que o Reino de Deus é para todos aqueles que souberem amar, e não de um determinado grupo de pessoas pré-determinado, então não se sabe mais o que pode ser. A justiça que Ele apontou, em outras palavras, é a que diz “todo aquele que promove a separação será separado. Todo aquele que isola os outros, acabará isolado” e que diz “promova a União, promova a Unidade, amem a todos, até mesmos os que lhes fizerem o mal, pois o Amor é o que cura o mundo e reestabelece a Unidade”. Era isso que Ele veio dizendo em todo o Evangelho. E completou que o Reino está aberto a todos, independente de credo ou cultura (pessoas de toda a extensão, do oriente e do ocidente), desde que saibam realizar a Unidade desejada pelo Pai.

                              Igreja, todos vocês que são Igreja e que fazem parte do corpo místico do Cristo, cristianismo é essencialmente Unidade, comunidade. Não se pode imaginar um cristão isolado. O Batismo nos uniu no mesmo caminho, na mesma esperança e no mesmo Amor. Não é possível viver o cristianismo sozinho. Jesus criou sua pequena comunidade: os 12 apóstolos, reunidos em torno dEle. E essa comunidade foi crescendo e se tornou Igreja. Assim, os cristãos de hoje também devem continuar o mesmo ideal e continuar a ampliar a Igreja do Cristo, para que todos se tornem membros do mesmo corpo místico do Cristo, participantes do mesmo Espírito Divino, até que chegue aquele dia em que “Cristo seja Tudo em Todos”. Devemos viver em comunidade (comum unidade). Espiritualmente falando, devemos estar todos sintonizados na mesma essência, independente de nossas diferenças. O que nos unirá é o Amor. Devemos continuar a realizar o sonho da Unidade, contanto sempre com a Presença do Cristo, que sempre esteve Aqui e nunca nos abandonou. Que sempre esteve Aqui esperando pelo retorno de todas as suas ovelhas. Ele está Aqui e espera que você desperte para a necessidade da Unidade. Ele te deu a liberdade de escolher. Mas Ele espera ansiosamente que você faça a escolha correta, que você não vá acabar ficando fora do Reino, fora de si mesmo, fora do Cristo.



                              É hora de despertar do sono. É hora de realizar o desejo de Cristo: “que todos sejam Um” . Um dando a vida pelo outro. Assim, cada um tem sua parte a realizar. Cada um tem sua “gota de sangue” a derramar, a exemplo de todos os santos que não mediram esforços em prol da Unidade. Cada um tem sua vaga a preencher. Somos todos responsáveis uns pelos outros, pois o Amor que nos une nos torna responsáveis. A construção do Céu (do Reino de Deus, ou seja lá do que você chame), começa Aqui e Agora. E Céu nada mais é do que a Unidade completa.





Somos Irmãos
(Anjos de Resgate)





(Texto de Wilson João, retirado do livro "O Amor nos torna responsáveis")
(Adaptação e correções gramaticais por Mizi)







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2 comentários:

- Mizi - disse...

Complementando o post, quero explicar uma passagem bíblica que até hoje muitas pessoas não entendem. E não entendem porque talvez tenham escondido isso delas. Só se pode chegar a esse entendimento se as pessoas tiverem a explicação correta sobre a etmologia do hebraico, que é muito rara de ser explicada (quem se interessaria por hebraico, se já há traduções?).

Pois bem, trata-se do "Shemah, Israel" - Ouve, Israel (Dt 6,4-5; e Mt 12,29-31), que é a mais importante declaração da fé no Monoteísmo das religiões "abraanicas", ou seja, das três maiores religiões monoteístas do mundo (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). A sentença inteira, no hebraico é:


שמע ישראל יהוה אלהינו יהוה אחד

(Shemah, Ysrael, Yhvh elohenu, Yhvh echad)


Eis a declaração de fé do monoteísmo mais famosa das religiões ocidentais. Em hebraico, essas palavras significam:

"Ouve, Israel, Javé (Yhvh) é o único Deus, Javé (Yhvh) é a Unidade."

Bom, primeiro vou explicar sobre o nome de Deus: Yhvh. Essa palavra em hebraico, foi a resposta que Moisés recebeu de Deus, quando perguntou a Ele qual era o seu nome, no episódio da sarça ardente. As traduções simplesmente colocam "Eu sou o que sou", ou "Eu sou aquele que é", ou simplesmente "Eu sou". A palavra em hebraico não é adonai (אדני), mas sim Yhvh ( יהוה ), cuja pronúncia tb é um mistério, pois alguns pronunciam Yavéh (Javé), outros, Yaváh, outros Yeovah, e outros alegam ainda que a palavra é simplesmente impronunciável e por esse motivo os judeus qd encontram essa palavra escrita lêem Yhvh, mas pronunciam "Adonai", palavra hebraica que significa "senhor"). No entanto, essa palavra não significa simplesmente "Eu sou", sentença que em hebraico seria "Yahu", e em aramaico seria "Anahu", totalmente pronunciável. No entanto, Yhvh, essa palavra misteriosa, segundo os mais respeitados especialistas, é uma mistura verbal. O sentido é mais profundo, e significa o verbo ser conjugado em primeira pessoa tanto no passado, quanto no presente, como no futuro. Seria algo do tipo "Eu era-sou-e-serei". Ou seja, esse nome indica a totalidade do Ser. E por isso, eu traduziria como "o Ser" (apesar de isso ser um substantivo, e não um verbo... e todos preferem se referir a Deus como um Verbo).

(continua...)

- Mizi - disse...

(...continuação)

Bom, a segunda palavra que queria explicar é a chave que destraa o entendimento da essência divina. Quando Deus revelou seu nome a Moisés, ele revelou apenas o nome. No entanto, após a fuga do Egito, Deus continunou falando com seu povo, através de Moisés, e passou a importante Lei a ser cumprida, das quais destacamos: "YHVH ECHAD", que grotescamente significa "Javé é Um" ou "Deus é Um", ou como a maioria das traduções "o Senhor é Um". No entanto, o que poucos sabem é que a lingua hebraico possui duas palavras para significar "um": echad e yachid. A palavra Yachid é o número "um" absoluto. Ou seja, é só "um" mesmo. Exemplo: uma cadeira, um copo. Dá a idéia de que só há uma "coisa", no singular. Já a palavra ECHAD dá a idéia de plural. É "um", mas no plural. Ou seja, dá a idéia de conjunto. Exemplo: "uma dúzia", "um cento". ECHAD significa "um" como "um composto" ou "um conjunto", ou seja, algo que dê a idéia de muitas coisas que se unem e formam um só. Em matemática chamam de conjunto (como em conjunto dos números Naturais, conjunto dos número reais, etc). Mas linguisticamente é mais compreensível falar "união", "unidade". Daí a idéia de que Deus é Tudo em Todos, ou seja, é a totalidade de tudo o que existe. É a essência de tudo.

Agora, olha só a diferença de tradução:

Shemah, Ysrael, Yhvh elohenu, Yhvh echad.

Ouve, Israel, o Senhor é o único Deus, o Senhor é Um (tradução tradicional).

Ouve, Israel, o Ser é o único Deus, o Ser é a Unidade (tradução livre por Mizi... Rs).

Isso ajuda a explicar um pouco mais o texto do post de hoje.

Abraços!