quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Unidade, Onipresença e Panteísmo - Parte II


                             É dito que em identidade somos diversos, mas que em individualidade somos unos. Qual, afinal, é a diferença entre individualidade e identidade?
                             A identidade se refere aos planos mental e material, enquanto que a individualidade diz respeito ao plano espiritual. Portanto, enquanto houver uma identidade, há uma identificação, há um nome, há uma condição social e outra condição biológica e mental. No âmbito psicológico, a identidade chama-se ego, psicanaliticamente falando. Pertencem ao ego o nome, a personalidade, o gênero mental e o pensamento autônomo. No âmbito material, a identidade chama-se situação de vida, dizendo respeito à situação em que a pessoa se encontra, ou seja, seu emprego, sua profissão, sua condição social, sua condição física, psicológica e de saúde, etc.
                             Sabemos que o Verdadeiro Ser da pessoa não está nos planos ilusórios. Portanto, o verdadeiro ser da pessoa não possui nenhum tipo de identidade, sendo essência pura. O espírito da pessoa não tem nome, não tem cor, não tem raça, nem tem gênero sexual. Não tem profissão, emprego, saúde, doença, etc. O Espírito É! Simplesmente É. Mas não na mesma qualidade de Ser que tem o Espírito de Deus, o Ser Supremo. O Ser Supremo é inconfundível e transcendente a tudo, posto que é a força sem origem e sem fim, da qual tudo o mais procede. A essência pessoal é pura e, em natureza, é igual à natureza do Ser Universal. Mas o indivíduo forma uma pequena unidade autônoma com relação à Verdade, com relação ao Ser de Deus e ao ser das outras pessoas. A unidade vem da natureza da essência e não da confusão (ou fundição) entre indivíduos. A palavra “indivíduo” por si só traz a idéia de indivisibilidade, de indivisível, ou seja, de unidade própria que não se confunde ou se mistura com outra.
                             Dessa forma, metaforicamente, podemos comparar a natureza da Verdade com a natureza da água, por exemplo. A água é a natureza, é a essência, a substância em si. Qualquer reservatório de água pode conter a água em si. Mas os recipientes é que se diferem, pois a água é sempre a mesma, independente do lugar que ela preencha. O recipiente é a nossa identidade, nossa forma. A água é nossa essência. Todos nós temos recipientes diversos, mas trazemos dentro a mesma água, a mesma essência. No entanto, a quantidade de água que tenho num reservatório é específico daquele reservatório e não pode ser misturado ou diluído em outro reservatório sem que haja uma perda de individualidade (um decesso ou um transbordamento). A essência da água é sempre a mesma, mas ela está individualizada, não pela forma do recipiente, mas por sua própria limitação natural.

                             Assim, ainda que o Verdadeiro Eu de uma pessoa tenha a mesma natureza divina ou a mesma natureza do de outras pessoas, ele não se confunde com as pessoas, nem é o próprio Deus. Deus ainda transcende a isso tudo. É como se o verdadeiro ser de cada pessoa fosse uma gota de água, enquanto que o ser de Deus é o Oceano infinito. Não importa que tenhamos todos a mesma essência divina, pois somos apenas gotinhas. Não somos Deus. Viemos de Deus e voltaremos para Deus, mas a nossa essência não diminui nem aumenta o Ser de Deus, pois Ele é Infinito desde Todo o sempre. A unidade essencial existe na individualidade, pois cada indivíduo traz em si a mesma essência verdadeira, mas que não se confunde ou se mistura com o ser individual de outra pessoa ou com o infinito Ser Supremo.
                             Essa é a diferença entre individualidade e a identidade. As individualidades são Unas, enquanto que as identidades (as “máscaras”) são diversas. Quando almejamos alcançar a transcendência, não devemos acabar com a individualidade, mas sim com nossas identidades, com nossas identificações com os planos ilusórios, lembrando que acabar com eles é algo num sentido metafórico, posto que esses planos só deixam de existir mesmo quando morremos. Se somos um conjugado inseparável de três planos, acabar com a identidade significa ter a capacidade de controlar os planos ilusórios dentro de nós, de não levá-los tão a sério, de sermos senhores de nossos corpos e mentes e não escravos dos mesmos. No devido momento correto, quando eles deixarem de ter propósito, deixarão naturalmente de existir. E aí, sim, será o fim derradeiro da identidade. Para sermos nós, devemos ser inteiros: corpo, mente e espírito. Acabar com a identidade não significa, literalmente, extirpar nossos corpos e mentes, mas sim controlá-los. A extinção literal de qualquer coisa nos planos ilusórios só se dá por meio da “morte”. E mesmo após a morte, somos Eternos: continuamos “sendo”, embora não mais “existindo”. A individualidade é mantida e preservada com nossos seres sempre, de modo que, mesmo sem os planos ilusórios, somos “um” em “cada um”.
                             Os Seres compartilham o mesmo “Ser”, a mesma natureza, mas continuam sendo “seres”, ou seja, “muitos”. Não se tornam Unos, senão quanto à essência. O cada um é mantido. Os “seres” não se dissolvem, literalmente falando, num único “Ser”, mas se unem em plenitude por meio de sua essência e natureza, que sempre foi a mesma, sempre foi Una e, por isso mesmo, VERDADEIRA.


(Continua...)




6 comentários:

Anônimo disse...

Mizi falou: "Não importa que tenhamos todos a mesma essência divina... Não somos Deus. Viemos de Deus e voltaremos para Deus, mas a nossa essência não diminui nem aumenta o Ser de Deus, pois Ele é Infinito desde Todo o sempre”.

Comentário:
A maior prova da existência Divina é nossa capacidade de pensar. Deus quando nos fez imagem e semelhança, percebeu que não poderíamos ter capacidade plena de pensamento, pois se não, seriamos Deuses e acabaríamos nos destruindo. Por isso, ele limitou a capacidade de pensar do homem em 10%. Existem estudos que mostram que esse percentual varia de pessoa para pessoa, ou seja, algumas conseguem atingir 11% ou até 12 % da capacidade de pensar do cérebro, outras 10% ou 9 %. Acredito que Deus na sua infinita sabedoria escolhe pessoa por pessoa, a capacidade de pensar e suas limitações, para o progresso da nossa sociedade. Felizmente, Deus é justo, e não obriga ninguém a querer ser feliz, criando assim o livre-arbítrio. Assim, nem sempre os planos de Deus se concretizam, pois isso só seria possível se a pessoa responsável por essa “missão” aqui na Terra, entregasse seu caminho nas mãos de Deus. Quando isso acontece, temos paz, amor, compreensão, vida plena, ou seja, felicidade. Quando não acontece, temos gerras, ódio, vaidade, ambição, inconseqüência, ou seja, infelicidade.
Certa vez, um filósofo brasileiro ainda desconhecido, mas com grande potencial e muito inteligente, me falou as seguintes palavras: “Deus só quer uma coisa de nós; que sejamos felizes...”

Juquinha

Anônimo disse...

Obrigado, maninho!

Suas palavras me incentivam a ser uma pessoa cada vez melhor.

Te amo muito, pois vc é meu companheiro de todos os dias! Obriago por ser meu irmão!

Anônimo disse...

Meu querido Irmão e Amigo, estava navegando no youtube, e ví uma música muito legal! Ela tem muito a ver com o tema tratado no seu post, por isso te mando a letra e o link no youtube. Abraço, Juquinha

Rei Leão II - Somos Um
Disney

Você deve compreender
Que nem tudo vai ser
Só diversão
Pois um dia, meu amor
A tristeza e a dor
Também virão
Mas nós vamos ficar
Juntos em todo lugar
Quando não há caminho algum
Você vai nos seguir
Então vamos descobrir
Somos mais do que mil
Somos um
--------
Se há tanto pra aprender
Só queria viver
Como eu sou
Sigo o meu coração
Ou escuto a razão
Pra onde for
--------
Mesmo quem já morreu
Quem você nem conheceu
Nos segue, pois nós somos um
Na alegria ou na dor
Nossa força é o amor
É só ver para crer
Somos um
Numa só direção
Temos um só coração
Não temos mais medo algum
Você vai conseguir
A coragem pra seguir
Então vai descobrir...
...Somos Um!

http://www.youtube.com/watch?v=g9Omxw2dOEw&feature=related

Anônimo disse...

Pow, mano...

que linda... eu tinha me esquecido dessa música. Minha infância vindo à tona agora. Que nostalgia.

Vou já tratar de colocar essa música por aqui.

Obrigado, menino Juca!
Te amo!

H K Merton disse...

Muito bom, Mizi, cavaleiro andante da Ordem da Grande Arte!

Continue com o bom trabalho, lutando o bom combate. Não esmoreça nunca! Ele está conosco até a consumação dos tempos! E eu estou com você também, irmão querido.

Anônimo disse...
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