segunda-feira, 16 de maio de 2011

Catecismo - Parte VIII

PARÁGRAFO 5 - O CÉU E A TERRA


                              325) O Símbolo dos Apóstolos professa que Deus é "o Criador do céu e da terra", e o Símbolo niceno-constantinopolitano explicita: "... do universo visível e invisível."


                              326) Na Sagrada Escritura, a expressão "céu e terra" significa tudo aquilo que existe, a criação inteira. Indica também o nexo no interior da criação, que ao mesmo tempo une e distingue céu e terra: "a terra" é o mundo dos homens (Sl 115/16); "o céu” ou "os céus" pode designar o firmamento (Sl 19/2), mas também o "lugar" próprio de Deus: "nosso Pai nos céus" (Mt 5,16) e, por conseguinte, também o "céu" que é a glória escatológica. Finalmente, a palavra "céu" indica o "lugar" das criaturas espirituais - os anjos - que estão ao redor de Deus.

(Parágrafos relacionados: 290,1023,2794)




                              327) A profissão de fé do IV Concilio de Latrão afirma que Deus "criou conjuntamente, do nada, desde o início do tempo, ambas as criaturas, a espiritual e a corporal, isto é, os anjos e o mundo terrestre; em seguida, a criatura humana, que tem algo de ambas, por compor-se de espírito e de corpo;"

(Parágrafo relacionado: 296)



I. Os anjos

A EXISTÊNCIA DOS ANJOS - UMA VERDADE DE FÉ


                              328) A existência dos seres espirituais, não-corporais, que Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição.

(Parágrafo relacionado: 150)


QUEM SÃO OS ANJOS?

                              329) Santo Agostinho diz a respeito deles: "Angelus officii nomen est, non naturae. Quaeris nomen huius naturae, spiritus est; quaeris officium, angelus est; quaeris officium, angelus est, ex eo quod est, spiritus est, ex eo quod agit, angelus - Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, é anjo por aquilo que faz (Sl 103)". Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam "constantemente a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,10), são "poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra" (Sl 103,20).

                              330) Como criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e de vontade: são criaturas pessoais e imortais (Lc 20, 36). Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória (Dn 10, 9-12).





CRISTO "COM TODOS OS SEUS ANJOS"


                              331) Cristo é o centro do mundo angélico. São seus os anjos: "Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos..." (Mt 25,31). São seus porque foram criados por e para Ele: “Pois foi nele que foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl 1,16). São seus, mais ainda, porque Ele os fez mensageiros de seu projeto de salvação. "Porventura não são todos eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação?" (Hb 1,14).

(Parágrafo relacionado: 291)



                              332) Eles aí estão, desde a criação (Jó 38, 7) e ao longo de toda a História da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta salvação e servindo ao desígnio divino de sua realização: fecham o paraíso terrestre (Gn3, 24), protegem Lot (Gn19, 21-37), salvam Agar e seu fi1ho (Gn 21, 17), seguram a mão de Abraão (Gn22, 11), comunicam a lei por seu ministério (At7, 53), conduzem o povo de Deus (Ex23, 20-23), anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas, para citarmos apenas alguns exemplos. Finalmente, é o anjo Gabriel que anuncia o nascimento do Precursor e o do próprio Jesus.


                              333) Desde a Encarnação até a Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é cercada da adoração e do serviço dos anjos. Quando Deus “introduziu o Primogênito no mundo, disse: - Adorem-no todos os anjos de Deus-” (Hb 1,6). O canto de louvor deles ao nascimento de Cristo não cessou de ressoar no louvor da Igreja: "Glória a Deus..." (Lc 2,14). Protegem a infância de Jesus (Mt1, 20), servem a Jesus no deserto (Mt4, 11), reconfortam-no na agonia, embora tivesse podido ser salvo por eles da mão dos inimigos, como outrora fora Israel. São ainda os anjos que "evangelizam", anunciando a Boa Nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo. Estarão presentes no retorno de Cristo, que eles anunciam serviço do juízo que o próprio Cristo pronunciará.

(Parágrafo relacionado: 559)



OS ANJOS NA VIDA DA IGREJA

                              334) Do mesmo modo, a vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos.

                              335) Em sua Liturgia, a Igreja se associa aos anjos para adorar o Deus três vezes Santo; ela invoca a sua assistência (assim em In Paradisum deducant te Angeli - Para o Paraíso te levem os anjos-, da Liturgia dos defuntos, ou ainda no "hino querubínico" da Liturgia bizantina). Além disso, festeja mais particularmente a memória de certos anjos (São Miguel, São Gabriel, São Rafael, os anjos da guarda).

(Parágrafo relacionado: 1138)


                              336) Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida." Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus.

(Parágrafo relacionado: 1020)





II. O mundo visível

                              337) Foi Deus mesmo quem criou o mundo visível em toda a sua riqueza, diversidade e ordem. A Escritura apresenta a obra do Criador simbolicamente como uma seqüência de seis dias “de trabalho” divino que terminam com o "descanso" do sétimo dia. O texto sagrado ensina, a respeito da criação, verdades reveladas por Deus para nossa salvação que permitem "reconhecer a natureza profunda da criação, seu valor e sua finalidade, que é a glória de Deus".

(Parágrafos relacionados: 290,293)


                              338) Não existe nada que não deva sua existência a Deus criador. O mundo começou quando foi tirado do nada pela Palavra de Deus; todos os seres existentes, toda a natureza, toda a história humana têm suas raízes neste acontecimento primordial: é a própria gênese pela qual o mundo foi constituído e o tempo começou.

(Parágrafo relacionado: 297)


                              339) Cada criatura possui sua bondade e sua perfeição próprias. Para cada uma das obras dos "seis dias" se diz: "E Deus viu que isto era bom". "Pela própria condição da criação, todas as coisas são dotadas de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e ordens específicas." As diferentes criaturas, queridas em seu próprio ser, refletem, cada uma a seu modo, um raio da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura para evitar um uso desordenado das coisas, que menospreze o Criador e acarrete conseqüências nefastas para os homens e seu meio ambiente.

(Parágrafos relacionados: 2501,299,226)


                              340) A interdependência das criaturas é querida por Deus. O sol e a lua, o cedro e a pequena flor, a águia e o pardal: as inúmeras diversidades e desigualdades significam que nenhuma criatura se basta a si mesma, que só existem em dependência recíproca, para se completarem mutuamente, a serviço umas das outras.

(Parágrafo relacionado: 1937)


                              341) A beleza do universo. A ordem e a harmonia do mundo criado resultam da diversidade dos seres e das relações que existem entre eles. O homem as descobre progressivamente como leis da natureza. Elas despertam a admiração dos sábios. A beleza da criação reflete a infinita beleza do Criador. Ela deve inspirar o respeito e a submissão da inteligência do homem e de sua vontade.

(Parágrafos relacionados: 283,2500)


                              342) A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos "seis dias", que vai do menos perfeito ao mais perfeito. Deus ama todas as suas criaturas, cuida de cada uma, até mesmo dos pássaros. Apesar disso, Jesus diz: "Vós valeis mais do que muitos pardais" (Lc 12,7), ou ainda: "Um homem vale muito mais do que uma ovelha" (Mt 12,12).

(Parágrafo relacionado: 310)




                              343) O homem é a obra-prima do obra do criação. A narração bíblica exprime isto distinguindo nitidamente a criação do homem da criação das outras criaturas.

(Parágrafo relacionado: 335)


                              344) Existe uma solidariedade entre todas as criaturas pelo fato de terem todas o mesmo Criador e de todas estarem ordenadas à sua glória:

(Parágrafos relacionados: 293,139,2416)

"Louvado sejas, meu Senhor.
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua LUZ nos alumia.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã água,
Que é muito útil e humilde
E preciosa e casta...

Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã, a mãe Terra,
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos

E coloridas flores e ervas.
Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade."

---- (Cântico das criaturas - São Francisco de Assis)

(Parágrafo relacionado: 1218)



(O cântico das criaturas - interpretado por Pe. Fábio de Melo)


(Trecho de um filme sobre São Francisco)



                              345) O Sábado é fim da obra dos "seis dias". O texto sagrado diz que "Deus concluiu no sétimo dia a obra que tinha feito", e assim "o céu e a terra foram terminados", e no sétimo dia Deus "descansou", e santificou e abençoou este dia (Gn 2,1-3). Essas palavras inspiradas são ricas de ensinamentos salutares:

(Parágrafo relacionado: 2168)


                              346) Na criação, Deus depositou um fundamento e leis que permanecem estáveis, nos quais o crente poder apoiar-se com confiança e que para ele serão o sinal e a garantia da fidelidade inabalável da Aliança de Deus. Por sua parte, o homem deverá ficar fiel a este fundamento e respeitar as leis que o Criador inscreveu nele.

(Parágrafo relacionado: 2169)


                              347) A criação está em função do Sábado e portanto do culto e da adoração de Deus. O culto está inscrito na ordem da criação. "Nada se anteponha à obra de Deus", diz a regra de São Bento, indicando assim a ordem correta das preocupações humanas.
(Parágrafos relacionados: 1145,1152)


                              348) O Sábado constitui o coração da lei de Israel. Observar os mandamentos é corresponder à sabedoria e à vontade de Deus expressa em sua obra de criação.

(Parágrafo relacionado: 2172)

O oitavo dia:

                              349) Mas para nós nasceu um dia novo: o dia da Ressurreição de Cristo. O sétimo dia encerra a primeira criação. O oitavo dia dá início à nova criação. Assim, a obra da criação culmina na obra maior da redenção. A primeira criação encontra seu sentido e seu ponto culminante na nova criação em Cristo, cujo esplendor ultrapassa o da primeira.

(Parágrafos relacionados: 2174,1046)



(O Novo Sol. A Nova Criação)
("Dixitque Deus: fiat lux! Et facta est lux. - Gn 1,3)
("Ego sum Lux mundi" - Jo 8,12)
)




(Obs. pessoal: para entender melhor o final deste post, sugiro a leitura deste outro post antigo, e também deste outro)



RESUMINDO

                              350) Os anjos são criaturas espirituais que glorificam a Deus sem cessar e servem a seus desígnios salvíficos em relação às demais criaturas: "Ad omnia bona nostra cooperantur angeli. - Os anjos cooperam para todos os nossos bens;”


                              351) Os anjos cercam Cristo, seu Senhor. Servem-no particularmente, no cumprimento de sua missão salvífica para com os homens.


                              352) A Igreja venera os anjos que a ajudam em sua peregrinação terrestre e protegem cada ser humano.


                              353) Deus quis a diversidade de suas criaturas e a bondade própria delas, sua interdependência e ordem. Destinou todas a criaturas materiais ao bem do gênero humano. O homem, e por meio dele a criação inteira, destina-se à glória de Deus.


                              354) Respeitar as leis inscritas na criação e as relações que derivam da natureza das coisas é princípio de sabedoria e fundamento da moral.




(Continua...)


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