segunda-feira, 11 de julho de 2011

Catecismo - parte XI



CAPITULO II

ARTIGO 1 - CREIO EM JESUS CRISTO, FILHO ÚNICO DE DEUS

A BOA NOVA: DEUS ENVIOU SEU FILHO


                              422) "Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial" (Gl 4,4-5). Este é "o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1,1)": Deus visitou seu povo (Lc 1, 68), cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência (Lc 1, 55); fê-lo para além de toda expectativa: enviou seu "Filho bem-amado”.

(Parágrafos relacionados: 389,2763)

                              423) Cremos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido judeu de uma filha de Israel, em Belém, no tempo do rei Herodes Magno e do imperador César Augusto, carpinteiro de profissão, morto e crucificado em Jerusalém, sob o procurador Pôncio Pilatos, durante o reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito homem; que Ele "veio de Deus" (Jo 13,3), "desceu do céu" (Jo 3,13; 6,33), "veio na carne (1Jo 4, 2)", pois "o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua glória, glória que Ele tem junto ao Pai, como Filho único, cheio de graça e de verdade... Pois de sua plenitude nós recebemos graça por graça" (Jo 1,14-16).

                              424) Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, cremos e confessamos acerca de Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Foi sobre a rocha desta fé, confessada por São Pedro, que Cristo construiu sua Igreja (Mt 16, 18).

(Parágrafos relacionados: 683,552)



"ANUNCIAR... A INSONDÁVEL RIQUEZA DE CRISTO" (Ef 3,8)

                              425) A transmissão da fé cristã é primeiramente o anúncio de Jesus Cristo, para levar à fé Nele. Desde o começo, os primeiros discípulos ardiam do desejo de anunciar Cristo: "Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos" (At 4,20). E convidam os homens de todos os tempos a entrarem na alegria de sua comunhão com Cristo:

O que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida – porque a Vida manifestou-se: nós a vimos e lhe damos testemunho e vos anunciamos a Vida Eterna, que estava voltada para o Pai e que no; apareceu -, o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco. E nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que nossa alegria seja completa (1Jo 1,1-4).


(Parágrafos relacionados: 850,858)


CRISTO É O CENTRO DA CATEQUESE


                              426) No centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus de Nazaré, Filho único do Pai..., que sofreu e morreu por nós e agora, ressuscitado, vive conosco para sempre... Catequizar... é desvendar na Pessoa de Cristo todo o desígnio eterno de Deus que Nela se realiza. É procurar compreender o significado dos gestos e das palavras de Cristo e dos sinais realizados por Ele." A finalidade definitiva da catequese é "levar à comunhão com Jesus Cristo: só ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade".

(Parágrafos relacionados: 1698,513,260)

                              427) "Na catequese, é Cristo, Verbo Encarnado e Filho de Deus, que é ensinado - todo o resto está em relação com Ele; e somente Cristo ensina; todo outro que ensine, fá-lo na medida em que é seu porta-voz, permitindo a Cristo ensinar por sua boca... Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: 'Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou' (Jo 7,16)."

(Parágrafos relacionados: 2145,876)



                              428) Aquele que é chamado a "ensinar o Cristo" deve, portanto, procurar primeiro "este ganho supereminente que é o conhecimento de Cristo"; é preciso "aceitar perder tudo... a fim de ganhar a Cristo e ser achado Nele", e "conhecer o poder de sua Ressurreição e a participação em seus sofrimentos, conformando-me com ele em sua Morte, para ver se alcanço a ressurreição de entre os mortos" (Fl 3,8-11).

                              429) É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciá-lo, de "evangelizar" e de levar outros ao "sim" da fé em Jesus Cristo. Mas ao mesmo tempo se faz sentir a necessidade de conhecer cada vez melhor esta fé. Para este fim, segundo a ordem do Símbolo da fé, primeiro serão apresentados os principais títulos de Jesus: Cristo, o Filho de Deus, o Senhor (artigo 2). Em seguida, o Símbolo confessa os principais Mistérios da vida de Cristo: os de sua Encarnação (artigo 3), os de sua Páscoa (artigos 4 e 5) e, finalmente, os de sua Glorificação (artigos 6 e 7).

(Parágrafo relacionado: 851)


ARTIGO 2

"E EM JESUS CRISTO, SEU FILHO ÚNICO, NOSSO SENHOR"


I- JESUS

                              430) Jesus quer dizer, em hebraico, "Deus salva". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo Sua identidade e missão (Lc 1,31). Uma vez que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, "salvará seu povo dos pecados" (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.

(Parágrafos relacionados: 210,402)

                              431) Na História da Salvação, Deus não se contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6), fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre uma ofensa feita a Deus (Sl 51,6), só ele pode perdoá-lo (Sl 51,12). Por isso Israel, tomando consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poder mais procurar a salvação a não ser na invocação do Nome do Deus Redentor (Sl 79, 9).

(Parágrafos relacionados: 1441,1850,388)



                              432) O nome de Jesus significa que o próprio nome de Deus está presente na pessoa de seu Filho (At 5,41; 3Jn7) feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único nome divino que traz a salvação (Jo 3,5; At 2,21) e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação (Rm10, 6-13), de sorte que "não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4,12; At 9,14; Tg 2,7).

(Parágrafos relacionados: 589,266,389,161)

                              433) O nome do Deus Salvador era invocado uma só vez por ano pelo sumo sacerdote para a expiação dos pecados de Israel, depois de ele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos com o sangue do sacrifício (Lv 16, 15-16 ; Eclo 50, 20 ; H 9, 7). O propiciatório era o lugar da presença de Deus (Ex 25, 22 ; Lv 16, 2 ; Nm 7, 89 ; Hb 9, 5). Quando São Paulo diz de Jesus que "Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu próprio Sangue" (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade deste último "era Deus que em Cristo reconciliava consigo o mundo" (2Cor 5,19).

(Parágrafo relacionado: 615)

                              434) A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador (Jo 12, 28), pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do "nome acima de todo nome" (Fl 2, 9-10). Os espíritos maus temem seu nome (At 16, 16-18 ; At 19, 13-16), e é em nome dele que os discípulos de Jesus operam milagres (Mc 16, 17), pois tudo o que pedem ao Pai em seu nome o Pai lhes concede (Jo 15,16).

(Parágrafos relacionados: 2812,2614)

                              435) O nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula "per Dominum nostrum, Iesum Christum" (por Nosso Senhor, Jesus Cristo). A "Ave-Maria" culmina no "e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus". A oração oriental do coração denominada "oração a Jesus" diz: "Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de mim, pecador". Numerosos cristãos, como Sta. Joana d'Arc, morrem tendo nos lábios apenas o nome de Jesus.

(Parágrafos relacionados: 2667,2668,2676)




II. Cristo

                              436) "Cristo" vem da tradução grega do termo hebraico "Messias", que quer dizer "ungido". Só se torna o nome próprio de Jesus porque Este leva à perfeição a missão divina que significa. Com efeito, em Israel eram ungidos em nome de Deus os que lhe eram consagrados para uma missão vinda Dele. Era o caso dos reis (1 Sm 9, 16 ; 10, 1 ; 16, 1. 12-13 ; 1 Rs 1, 39), dos sacerdotes (Ex 29, 7 ; Lv 8, 12) e, em raras ocasiões, dos profetas (Rs 19,16). Esse devia ser por excelência o caso do Messias que Deus enviaria para instaurar definitivamente seu Reino (Sl 2, 2 ; At 4, 26-27). O Messias devia ser ungido pelo Espírito do Senhor (Is 11, 2) ao mesmo tempo como rei e sacerdote (Za 4,14; Za 6,13), mas também como profeta ( Is 61, 1 ; Lc 4, 16-21). Jesus realizou a esperança messiânica de Israel em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei.

(Parágrafos relacionados: 690,695,711-716,783)

                              437) O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como o do Messias prometido a Israel: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor" (Lc 2,11). Desde o inicio Ele é "aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo" (Jo 10,36), concebido como "Santo"(Lc 1, 35) no seio virginal de Maria. José foi chamado por Deus "a receber Maria, sua mulher", grávida "Daquele que foi gerado nela pelo Espírito Santo" (Mt 1,21), para que Jesus, "que se chama Cristo", nascesse da esposa de José na descendência messiânica de Davi (Mt 1,16; Rm 1, 3 ; 2 Tm 2, 8 ; Ap 22, 16).

(Parágrafos relacionados: 486,525)

                              438) A consagração messiânica de Jesus manifesta sua missão divina. "É, aliás, o que indica seu próprio nome, pois no nome de Cristo está subentendido Aquele que ungiu, Aquele que foi ungido e a própria Unção com que Ele foi ungido: Aquele que ungiu é o Pai, Aquele que foi ungido é o Filho, e o foi no Espírito, que é a Unção" (São Irineu). Sua consagração messiânica eterna revelou-se no tempo de sua vida terrestre, por ocasião de seu Batismo por João, quando "Deus o ungiu com o Espírito Santo e poder"(At 10,38), "para que ele fosse manifestado a Israel" (Jo 1,31) como seu Messias. Por suas obras e palavras será conhecido como "o Santo de Deus" (Mc 1, 24 ; Jn 6, 69 ; Ac 3, 14).

(Parágrafos relacionados: 727,535)





                              439) Numerosos judeus e até certos pagãos que compartilhavam a esperança deles reconheceram em Jesus os traços fundamentais do "Filho de Davi" messiânico, prometido por Deus a Israel ( Mt 2, 2 ; Mt 9, 27; Mt 12, 23; Mt 15, 22; Mt 20, 30; Mt 21, 9.15). Jesus aceitou o título de Messias ao qual tinha direito (Jo 4, 25-26; Jo 11, 27), mas com reserva, pois este era entendido por uma parte de seus contemporâneos segundo uma concepção demasiadamente humana (Mt 22, 41-46), essencialmente política ( Jo 6, 15; Lc 24, 21).

(Parágrafos relacionados: 528-529,547)

                              440) Jesus acolheu a profissão de fé de Pedro, que o reconhecia como o Messias anunciando a Paixão iminente do Filho do Homem (Mt 16, 16-23). Desvendou o conteúdo autêntico de sua realeza messiânica, seja na identidade transcendente do Filho do Homem "que desceu do Céu" (Jo 3,13; Jn 6, 62 ; Dn 7, 13) seja em sua missão redentora como Servo sofredor: "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate pela multidão" (Mt 20,28; Is 53, 10-12). Por isso o verdadeiro sentido de sua realeza só se manifestou do alto da Cruz (Jo 19, 19-22 ; Lc 23, 39-43). É somente após sua Ressurreição que sua realeza messiânica poderá ser proclamada por Pedro diante do povo de Deus: "Que toda casa de Israel saiba com certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo este Jesus que vós crucificastes" (At 2,36).

(Parágrafos relacionados: 552,550,445)


III. Filho Único de Deus

                              441) Filho de Deus, no Antigo Testamento, é um título aos anjos(Dt 32, 8 ; Jó 1, 6), ao povo da Eleição (Ex 4, 22 ; Os 11, 1 ; Jr 3, 19 ; Si 36, 11 ; Sg 18, 13), aos filhos de Israel (Dt 14, 1 ; Os 2, 1) e a seus reis (2 Sm 7, 14 ; Sl 82, 6). Significa então uma filiação adotiva que estabelece entre Deus e sua criatura relações de uma intimidade especial. Quando o Rei-Messias prometido é chamado "filho de Deus" (1 Cr 17, 13 ; Sl 2, 7), isso não implica necessariamente, segundo o sentido literal desses textos, que ele ultrapasse o nível humano. Os que designaram Jesus como Messias de Israel ( Mt 27, 54) talvez não tenham tido a intenção de dizer mais do que isto (Lc 23, 47).

                              442) Não acontece o mesmo com Pedro, quando confessa Jesus como "o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16, 16), pois este lhe responde com solenidade: "Não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, e sim meu Pai que está nos Céus" (Mt 16,17). Paralelamente, Paulo dirá a propósito de sua conversão no caminho para Damasco: "Quando, porém, aquele que me separou desde o seio materno e me chamou, por sua graça houve por bem revelar em mim o Seu Filho, para que eu o evangelizasse entre os gentios..." (Gl 1,15-16). "Imediatamente, nas sinagogas, começou a proclamar Jesus, afirmando que ele é o Filho de Deus" (At 9,20). Este será desde o início (1 Ts 1, 10) o centro da fé apostólica (Jo 20, 31) professada primeiro por Pedro como fundamento da Igreja (Mt 16, 18).

(Parágrafos relacionados: 552,424)

                              443) Se Pedro pôde reconhecer o caráter transcendente da filiação divina de Jesus Messias foi porque Este o deu a entender claramente. Diante do Sinédrio, a pergunta de seus acusadores: "Tu és então o Filho de Deus?", Jesus respondeu: "Vós dizeis que Eu Sou" (Lc 22,70; Mt 26, 64 ; Mc 14, 61). Já bem antes, Ele se designara como "o Filho" que conhece o Pai (Mt 11, 27; Mt 21, 37-38) e que é diferente dos "servos" que Deus enviou anteriormente a seu povo ( Mt 21, 34-36), superior aos próprios anjos (Mt 24,36). Distinguiu sua filiação daquela de seus discípulos, não dizendo nunca "nosso Pai" (Mt 5, 48 ; 6, 8 ; 7, 21 ; Lc 11, 13), a não ser para ordenar-lhes: "Portanto, orai desta maneira: Pai Nosso" (Mt 6,9); e sublinhou esta distinção: "Meu Pai e vosso Pai" (Jo 20,17).

(Parágrafo relacionado: 2786)

                              444) Os Evangelhos narram em dois momentos solenes - o Batismo e a Transfiguração de Cristo - a voz do Pai a designá-Lo como seu "Filho bem-amado" (Mt 3, 17; Mt 17, 5)". Jesus designa-se a Si mesmo como "o Filho Único de Deus" (Jo 3,16) e afirma com este título sua preexistência eterna (Jo 10, 36). Exige a fé "em nome do Filho Único de Deus" (Jo 3,18). Esta confissão cristã aparece já na exclamação do centurião diante de Jesus na cruz: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus" (Mc 15,39), pois somente no Mistério Pascal o fiel cristão pode entender o pleno significado do título "Filho de Deus".

(Parágrafos relacionados: 536,554)

                              445) É depois de Sua Ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder de sua humanidade glorificada: "Estabelecido Filho de Deus com poder por sua Ressurreição dos mortos" (Rm 1,4; At13,33). Os apóstolos poderão confessar: "Nós vimos a sua glória, glória que Ele tem junto ao Pai como Filho Único, cheio de graça e de verdade" (Jo 1,14).

(Parágrafo relacionado: 653)





IV. Senhor

                              446) Na versão grega dos livros do Antigo Testamento, o nome inefável com o qual Deus se revelou a Moisés (Ex 3, 14), Iahweh, traduzido por "Kýrios" ["Senhor"]. Senhor torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de "Senhor" para o Pai, e também - e aí está a novidade - para Jesus reconhecido assim como o próprio Deus (1Cor 2, 8).

(Parágrafo relacionado: 209)

                              447) Jesus mesmo atribui-se de maneira velada este título quando discute com os fariseus sobre o sentido do Salmo 110 (Mt 22, 41-46 ; At 2, 34-36 ; Hb 1, 13), mas também de modo explícito dirigindo-se a seus apóstolos (Jo 13, 13). Ao longo de toda a sua vida pública, seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demônios, sobre a morte e o pecado demonstravam sua soberania divina.

(Parágrafo relacionado: 548)

                              448) Muito freqüentemente nos Evangelhos determinadas pessoas se dirigem a Jesus chamando-o de "Senhor". Este título exprime o respeito e a confiança dos que se achegam a Jesus e esperam dele ajuda e cura (Mt 8, 2; Mt 14, 30; 15, 22). Sob a moção do Espírito Santo, ele exprime o reconhecimento do Mistério Divino de Jesus (Lc 1, 43; Lc 2, 11). No encontro com Jesus ressuscitado, ele se transforma em expressão de adoração: "Meu Senhor e meu Deus!" (Jo 20,28). Assume, então, uma conotação de amor e afeição que tornar-se-á peculiar à tradição cristã: "É o Senhor!" (Jo 21,7).

(Parágrafos relacionados: 208,683,641)

                              449) Ao atribuir a Jesus o título divino de Senhor, as primeiras confissões de fé da Igreja afirmam, desde o início (At 2, 34-36), que o poder, a honra e a glória devidos a Deus Pai cabem também a Jesus (Rm 9, 5; Tt 2, 13; Ap 5, 13), por ser Ele "de condição divina" (Fl 2,6) e ter o Pai manifestado esta soberania de Jesus ressuscitando-o dos mortos e exaltando-o em sua glória (Rm 10, 9 ; 1 Cor 12, 3 ; Fl 2, 11).

(Parágrafo relacionado: 461,653)

                              450) Desde o principio da história cristã a afirmação do senhorio de Jesus sobre o mundo e sobre a história (Ap 11, 15) significa também o reconhecimento de que o homem não deve submeter sua liberdade pessoal, de maneira absoluta, a nenhum poder terrestre, mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo: César não é "o Senhor" (Mc 12, 17; At 5, 29). "A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram em seu Senhor e Mestre."
(Parágrafos relacionados: 668-672,2242)

                              451) A oração cristã é marcada pelo título "Senhor", quer se trate do convite à oração ("o Senhor esteja convosco") ou da conclusão da oração ("por Jesus Cristo nosso Senhor") ou ainda do grito cheio de confiança e de esperança: "Maran atha" ("o Senhor vem!") ou "Marana tha" ("Vem, Senhor!") (1Cor 16,22): "Amém, vem, Senhor Jesus!" (Ap 2,20).

(Parágrafos relacionados: 2664-2665,2817)


RESUMINDO

                              452) O nome de Jesus significa "Deus que salva". A criança nascida da Virgem Maria é chamada "Jesus", "pois Ele salvará seu povo de seus pecados" (Mt 1,21): "Não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4,12).

                              453) O nome Cristo significa "Ungido", "Messias". Jesus é o Cristo, pois "Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder" (At 10,38). Ele era "aquele que há de vir" (Lc 7,19), o objeto da "esperança de Israel" (At 4, 12).

                              454) O nome Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus, seu Pai: Ele é o Filho Único do Pai (Jo 1, 14-18 ; Jo 3, 16-18) e o próprio Deus (Jo 1,1). Crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus é necessário para ser cristão ( At 8, 37 ; 1 Jo 2, 23).

                              455) O nome Senhor designa a soberania divina. Confessar ou invocar Jesus como Senhor é crer em sua divindade. "Ninguém pode dizer 'Jesus é Senhor' a não ser no Espírito Santo" (1 Cor 12,3).




ARTIGO 3

PARÁGRAFO 1 - O FILHO DE DEUS SE FEZ HOMEM


I. Por que o Verbo se fez carne?


                              456) Com o Credo niceno-constantinopolitano, respondemos, confessando: "E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espirito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem."

                              457) O Verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus: "Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo" (1Jo 4,14). "Este apareceu para tirar os pecados" (1Jo 3,5):

(Parágrafo relacionado: 607,385)

"Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-Lo descer até nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz? (São Gregório de Nissa)



                              458) O Verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus: "Nisto manifestou-se o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho Único ao mundo para que vivamos por Ele" (1 Jo 4,9). "Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho Único, a fim de que todo o que crer Nele não pereça, mas tenha a Vida Eterna" (Jo 3,16).

(Parágrafo relacionado: 219)


                              459) O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim..." (Mt 11,29). "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Jo 14,6). E o Pai, no monte da Transfiguração, ordena: "Ouvi-o" (Mc 9,7; Dt6, 4-5). Pois Ele é o modelo das Bem-aventuranças e a norma da Nova Lei: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 15,12). Este amor implica a oferta efetiva de si mesmo em seu seguimento (Mc 8,34).

(Parágrafos relacionados: 520,823,2012,1717,1965)

                              460) O Verbo se fez carne para tornar-nos "participantes da natureza divina" (2Pd 1,4): "Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus" (São Irineu).

(Parágrafos relacionados: 1265,1391)

"Pois o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus" (São Atanásio). "Unigenitus Dei Filius, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factus homo" (O Filho Unigênito de Deus, querendo-nos participantes de sua divindade, assumiu nossa natureza para que aquele que se fez homem dos homens fizesse deuses - São Tomás de Aquino).

(Parágrafo relacionado: 1988)


II. A Encarnação

                              461) Retomando a expressão de São João ("O Verbo se fez carne" Jo 1,14), a Igreja denomina "Encarnação" o fato de Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação. Em um hino atestado por São Paulo, a Igreja canta o mistério da Encarnação:

"Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus: Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a Si mesmo, assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz!"

(Fl 2,5-8).

(Parágrafos relacionados: 653,661,449)



                              462) A Epístola aos Hebreus fala do mesmo mistério: "Por isso, ao entrar no mundo, ele afirmou: 'Não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formaste-me um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não foram de teu agrado. Por isso eu digo: Eis-me aqui... para fazer a tua vontade.'" (Hb 10,5-7, citando Sl 40,7-9 LXX)

                              463) A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus. Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus" (1Jo 4,2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde o seu começo, quando canta "o grande mistério da piedade”: "Ele foi manifestado na carne" (1 Tm 3,16).

(Parágrafo relacionado: 90)


III. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem

                              464) O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Igreja teve de defender e clarificar esta verdade de fé no decurso dos primeiros séculos, diante das heresias que a falsificavam.

(Parágrafo relacionado: 88)

                              465) As primeiras heresias, mais do que a divindade de Cristo, negaram sua humanidade verdadeira (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus, "que veio na carne" (1Jn 4, 2-3; 2Jn 7). Mas desde o século III a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samósata, em um concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e não por adoção. O I Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, confessou em seu Credo que o Filho de Deus é "gerado, não criado, consubstancial (homousios) ao Pai" e condenou Ário, que afirmava que "o Filho de Deus veio do nada" e que ele seria "de uma substância diferente da do Pai".

(Parágrafo relacionado: 242)

                              466) A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Diante dela, São Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que "o Verbo, unindo a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem". A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez Sua desde sua concepção. Por isso o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: "Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque é dela que Ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na Sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne".

(Parágrafo relacionado: 495)

                              467) Os monofisistas afirmavam que a natureza humana tinha cessado de existir como tal em Cristo ao ser assumida por sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontado com esta heresia, IV Concílio Ecumênico, em Calcedônia, confessou em 451: "Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de um alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, 'semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado' (Hb 4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum suprimida por sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase.

                              468) Depois do Concílio de Calcedônia, alguns fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra eles, o V Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 553, confessou a propósito de Cristo: "Não há senão uma única hipóstase [ou pessoa], que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Um da Trindade". Na humanidade de Cristo, portanto, tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao seu sujeito próprio; não somente os milagres, mas também os sofrimentos, e até a morte: "Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um da Santíssima Trindade”.

(Parágrafos relacionados: 254,616)



                              469) A Igreja confessa, assim, que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele é verdadeiramente o Filho de Deus que se fez homem, nosso irmão, e isto sem deixar de ser Deus, nosso Senhor: "Id quod fuiit remansit et quod non fuiit assumpsit" (Ele permaneceu o que era, assumiu o que não era), canta a liturgia romana. E a liturgia de São João Crisóstomo proclama e canta: "Ó Filho Único e Verbo de Deus, sendo imortal, vos dignastes por nossa salvação encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, vós que sem mudança vos tornastes homem e fostes crucificado, ó Cristo Deus, que por vossa morte esmagastes a morte, sois Um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!".

(Parágrafo relacionado: 212)


IV. De que maneira o Filho de Deus é homem

                              470) Uma vez que na união misteriosa da Encarnação "a natureza humana foi assumida, não aniquilada”, a Igreja tem sido levada, ao longo dos séculos, a confessar a plena realidade da alma humana, com suas operações de inteligência e vontade, e a do corpo humano de Cristo. Mas, paralelamente, teve de lembrar toda vez que a natureza humana de Cristo pertence "in proprio" à pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu. Tudo o que Cristo é e o que faz nela depende do "Um da Trindade". Por conseguinte, o Filho de Deus comunica à sua humanidade seu próprio modo de existir pessoal na Trindade. Assim, em sua alma como em seu corpo, Cristo exprime humanamente os modos divinos de agir da Trindade (Jo 14,9-10):

(Parágrafos relacionados: 516,626)

[O Filho de Deus] trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado. (Gaudium et Spes)



(Parágrafo relacionado: 2599)


A ALMA E O CONHECIMENTO HUMANO DE CRISTO


                              471) Apolinário de Laodicéia afirmava que em Cristo o Verbo havia substituído a alma ou o espírito. Contra este erro a Igreja confessou que o Filho assumiu também uma alma racional humana.

(Parágrafo relacionado: 363)

                              472) Esta alma humana que o Filho de Deus assumiu é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Enquanto tal, este não podia ser em si ilimitado: exercia-se nas condições históricas de sua existência no espaço e no tempo. Por isso O Filho de Deus, ao tornar-se homem, pôde aceitar "crescer em sabedoria, em estatura e em graça" (Lc 2,52) e também informar-se sobre aquilo que na condição humana se deve aprender de maneira experimental (Mc 6, 38; Mc 8, 27; Jn 11, 34; etc). Isto correspondia à realidade de seu rebaixamento voluntário na "condição de escravo".

                              473) Mas, ao mesmo tempo, este conhecimento verdadeiramente humano do Filho de Deus exprimia a vida divina de sua pessoa. "A natureza humana do Filho de Deus, não por si mesma, mas por sua união ao Verbo, conhecia e manifestava nela tudo o que convém a Deus." (São Máximo Confessor). Este é, em primeiro lugar, o caso do conhecimento íntimo e direto que o Filho de Deus feito homem tem de seu Pai (Mc 14, 36; Mt 11, 27; Jn 1, 18; Jn 8, 55; etc). O Filho mostrava também em seu conhecimento humano a penetração divina que tinha pensamentos secretos do coração dos homens (Mc 2, 8; Jn 2, 25; Jn 6, 61; etc).

(Parágrafo relacionado: 240)

                              474) Por sua união a Sabedoria divina na pessoa do Verbo encarnado, o conhecimento humano de Cristo gozava em plenitude da ciência dos desígnios eternos que viera revelar (Mc 8, 31; Mc 9, 31; Mc 10, 33-34; Mc 14, 18-20. 26-30). O que Ele reconhece desconhecer neste campo (Mc 13, 32) declara alhures não ser sua missão revelá-lo (At 1,7).


A VONTADE HUMANA DE CRISTO

                              475) Paralelamente, a Igreja confessou no VI Concílio Ecumênico que Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas, mas cooperantes, de sorte que o Verbo feito carne quis humanamente na obediência a seu Pai tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo por nossa salvação. A vontade humana de Cristo "segue a sua vontade divina sem estar em resistência nem em oposição em relação a ela; mas antes sendo subordinada a esta vontade todo-poderosa".

(Parágrafo relacionado: 2008,2824)

O VERDADEIRO CORPO DE CRISTO

                              476) Visto que o Verbo se fez carne assumindo uma verdadeira humanidade, o corpo de Cristo era delimitado. Em razão disso, o rosto humano de Jesus pode ser "desenhado". No VII Concílio Ecumênico, a Igreja reconheceu como legítimo que ele seja representado em imagens sagradas.

(Parágrafos relacionados: 1159-1162,2129-2132)


                              477) Ao mesmo tempo, a Igreja sempre reconheceu que, no corpo de Jesus, "Deus, que por natureza é invisível, se tornou visível aos nossos olhos" (Missale Romanum. Prefácio de natal. Ver também Jo 18,6-9). Com efeito as particularidades individuais do corpo de Cristo exprimem a pessoa divina do Filho de Deus. Este fez seus os traços de seu corpo humano a ponto de, pintados em uma imagem sagrada, poderem ser venerados, pois o crente que venera sua imagem "venera nela a pessoa que está pintada".


O CORAÇÃO DO VERBO ENCARNADO


                              478) Jesus conheceu-nos e amou-nos a todos durante sua Vida, sua Agonia e Paixão e entregou-se por todos e cada um de nós: "O Filho de Deus amou-me e entregou-se por mim" (Gl 2,20). Amou-nos a todos com um coração humano. Por esta razão, o sagrado Coração de Jesus, traspassado por nossos pecados e para a nossa salvação (Jo 19,34), "praecipuus consideratur index et symbolus... illius amoris, quo divinus Rcdemptor aeternum Patrem hominesque universos continenter adamat" (é considerado o principal sinal e símbolo daquele amor com o qual o divino Redentor ama ininterruptamente o Pai Eterno e todos os homens).

(Parágrafos relacionados: 487,368,2669,766)




RESUMINDO

                              479) No tempo determinado por Deus, o Filho Único do Pai, a Palavra Eterna, isto é, o Verbo e a Imagem substancial do Pai, encarnou sem perder a natureza divina, assumiu a natureza humana.

                              480) Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade de sua Pessoa Divina: por isso Ele é o único mediador entre Deus e os homens.

                              481) Jesus Cristo possui duas naturezas, a divina e a humana, não confundidas, mas unidas na única Pessoa do Filho de Deus.

                              482) Sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Cristo tem uma inteligência e uma vontade humanas, perfeitamente concordantes com Deus e submetidas a Sua inteligência e a Sua vontade divinas, que tem em comum com o Pai e o Espírito Santo.

                              483) A Encarnação é, portanto, o Mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa do Verbo.



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