segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Catecismo - Parte XIV



III. OS MISTÉRIOS DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

O BATISMO DE JESUS

                              535) A vida pública de Jesus tem início (Lc 3, 23) com seu Batismo por João no rio Jordão (At 1, 22). João Batista proclamava "um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados" (Lc 3,3). Uma multidão de pecadores, de publicanos e soldados (Lc 3, 10-14), fariseus e saduceus ( Mt 3, 7) e prostitutas (Mt 21, 32) vem fazer-se batizar por ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste. E Ele recebe o Batismo. Então o Espírito Santo, sob forma de pomba, vem sobre Jesus, e a voz do céu proclama: "Este é o meu Filho bem-amado" (Mt 3,13-17). É a manifestação ("Epifania") de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.

                              536) O Batismo de Jesus é, da parte dele, a aceitação e a inauguração de sua missão de Servo sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores (Is 53, 12); é, já, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29), antecipa já o "Batismo" de sua morte sangrenta (Mc 10, 38 ; Lc 12, 50). Vem, já, "cumprir toda a justiça" (Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro à vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de morte para a remissão de nossos pecados (Mt 26, 39). A esta aceitação responde a voz do Pai, que coloca toda a sua complacência em seu Filho (Lc 3, 22 ; Is 42, 1). O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção vem "repousar" sobre Ele (Jo 1, 32-33 ; cf. Is 11, 2) e Jesus será a fonte do mesmo Espírito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus, "abriram-se os Céus" (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia fechado; e as águas são santificadas pela descida de Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.

                              537) Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu Batismo a sua Morte e a sua Ressurreição; deve entrar neste mistério de rebaixamento humilde e de arrependimento, descer à água com Jesus para subir novamente com ele, renascer da água e do Espírito para tornar-se, no Filho, filho bem-amado do Pai e "viver em uma vida nova" (Rm 6,4):

"Sepultemo-nos com Cristo pelo Batismo, para ressuscitar com Ele; desçamos com Ele, para ser elevados com Ele; subamos novamente com Ele, para ser glorificados nele. (São Gregiório de Nazianzeno)

"Tudo o que aconteceu com Cristo dá-nos a conhecer que, depois da imersão na água, o Espírito Santo voa sobre nós do alto do Céu e que, adotados pela Voz do Pai, nos tornamos filhos de Deus." ( S. Hilário)


A TENTAÇÃO DE JESUS

                              538) Os Evangelhos falam de um tempo de solidão de Jesus no deserto, imediatamente após seu Batismo por João: "Levado pelo Espírito" ao deserto, Jesus ali fica quarenta dias sem comer, vive com os animais selvagens e os anjos o servem ( Mc 1, 12-13). No final dessa permanência, Satanás o tenta por três vezes procurando questionar sua atitude filial para com Deus. Jesus rechaça esses ataques que recapitulam as tentações de Adão no Paraíso e de Israel no deserto, e o Diabo afasta-se dele "até o tempo oportuno" (Lc 4,13).

                              539) Os evangelistas assinalam o sentido salvífico desse acontecimento misterioso. Jesus é o novo Adão, que ficou fiel onde o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre à perfeição a vocação de Israel: contrariamente aos que provocaram outrora a Deus durante quarenta anos no deserto ( Sl 95, 10), Cristo se revela como o Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisso Jesus é vencedor do Diabo: ele "amarrou o homem forte" para retomar-lhe a presa (Mc 3, 27). A vitória de Jesus sobre o tentador no deserto antecipa a vitória da Paixão, obediência suprema de seu amor filial ao Pai.


(Jesus tentado no deserto - Mc 1, 12-15)



                              540) A tentação de Jesus manifesta a maneira que o Filho de Deus tem de ser Messias, o oposto da que lhe propõe Satanás e que os homens (Mt 16, 21-23) desejam atribuir-lhe. É por isso que Cristo venceu o Tentador por nós: "Pois não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado" (Hb 4,15). A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto.


"O REINO DE DEUS ESTÁ BEM PRÓXIMO"

                              541) "Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia proclamando, nestes termos, o Evangelho de Deus: 'Cumpriu-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho'" (Mc 1,14-15). Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos céus na terra. Ora, a vontade do Pai é "elevar os homens à participação da Vida Divina" (Conforme Constituição Dogmática Concílio Vaticano II, «Lumen gentium» item 2.). Realiza tal intento reunindo os homens em torno de seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, que é na terra "O germe e o começo do Reino de Deus." («Lumen gentium» item 5.)


("E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim" - Jo 12,32).



                              542) Cristo está no centro do congraçamento dos homens na "família de Deus". Convoca-os junto a Si por Sua palavra, por Seus sinais que manifestam o reino de Deus, pelo envio de Seus discípulos. Realiza a vinda de Seu Reino, sobretudo pelo grande mistério de Sua Páscoa: Sua morte na Cruz e Sua Ressurreição. "E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). A esta união com Cristo são chamados todos os homens («Lumen gentium» item 3).


O ANUNCIO DO REINO DE DEUS

                              543) Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel (Mt 10, 5-7), este Reino messiânico está destinado a acolher os homens de todas as nações (Mt 8, 11 ; 28, 19). Para ter acesso a ele, é preciso acolher a palavra de Jesus:

"Pois a palavra do Senhor é comparada à semente semeada no campo: os que a ouvem com fé e são contados no número do pequeno rebanho de Cristo receberam o próprio Reino; depois, por sua própria força, a semente germina e cresce até o tempo da messe" (Lumen gentium, item 5).


                              544) O Reino pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, aos que o acolheram com um coração humilde. Jesus é enviado para "evangelizar os pobres" (Lc 4,18; Lc 7, 22). Declara-os bem-aventurados, pois "o Reino dos Céus é deles" (Mt 5,3); foi aos "pequenos" que o Pai se dignou revelar o que permanece escondido aos sábios e aos entendidos (Mt 11, 25). Jesus compartilha a vida dos pobres desde a manjedoura até a cruz; conhece a fome (Mc 2, 23-26 ; Mt 21, 18), a sede (Jo 4, 6-7 ; 19, 28) e a indigência (Lc 9, 58). Mais ainda: identifica-se com os pobres de todos os tipos e faz do amor ativo para com eles a condição para se entrar em seu Reino ( Mt 25, 31-46).

                              545) Jesus convida os pecadores à mesa do Reino: "Não vim chamar justos, mas pecadores" (Mc 2,17; 1 Tm 1, 15; Lc 15, 11-32). Convida-os à conversão, sem a qual não se pode entrar no Reino, mas mostra-lhes, com palavras e atos, a misericórdia sem limites do Pai por eles e a imensa "alegria no céu por um único pecador que se arrepende" (Lc 15,7). A prova suprema deste amor é o sacrifício de Sua própria vida "em remissão dos pecados" (Mt 26.28).

                              546) Jesus convida a entrar no Reino por meio das parábolas, traço típico de seu ensinamento (Mc 4,33-34). Por elas, convida ao festim do Reino(Mt 22, 1-14), mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo (Mt 13, 44-45); as palavras não bastam, são necessários atos (Mt 21, 28-32). As parábolas são como espelhos para o homem: este acolhe a palavra como um solo duro ou como uma terra boa ( Mt 13, 3-9)? Que faz ele dos talentos recebidos (Mt 25, 14-30)? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, isto é, tornar-se discípulo de Cristo para "conhecer os mistérios do Reino dos Céus" (Mt 13,11). Para os que ficam "de fora" (Mc 4,11), tudo permanece enigmático (Mt 13, 10-15).


OS SINAIS DO REINO DE DEUS

                              547) Jesus acompanha suas palavras com numerosos "milagres, prodígios e sinais" (At 2,22), que manifestam que o Reino está presente Nele. Atestam que Jesus é o Messias anunciado (Lc 7, 18-23).

                              548) Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai O enviou (Jo 5, 36 ; 10, 25) e convidam a crer Nele (Jo 10, 38). Aos que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem (Mc 5, 25-34 ; 10, 52 ; etc). Assim, os milagres fortificam a fé Naquele que realiza as obras de Seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus (Jo 10, 31-38). Eles podem também ser "ocasião de escândalo" (Mt 11, 6; Jo 11, 47-48)". Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Apesar de seus milagres tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; acusam-nO até de agir por intermédio dos demônios (Mc 3, 22).

                              549) Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome (J 6, 5-15), da injustiça (Lc 19, 8), da doença e da morte (Mt 11, 5), Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra (Lc 12, 13. 14 ; Jn 18, 36), mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (Jo 8, 34-36), que os impede de realizar sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas.


                              550) O advento do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás(Mt 12, 26): "Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós" (Mt 12,28). Os exorcismos de Jesus libertam homens do domínio dos demônios ( Lc 8, 26-39). Antecipam a grande vitória de Jesus sobre "o príncipe deste mundo" (Jo 12, 31). E pela Cruz de Cristo que o Reino de Deus é definitivamente estabelecido: "Regnavit a ligno Deus - Deus reinou do alto do madeira" (Himo "Vexilla Regis").


"AS CHAVES DO REINO"

                              551) Desde o início de sua vida pública, Jesus escolhe homens em número de doze para estar com Ele e para participar de sua missão (Mc 3, 13-19); dá-lhes participação em sua autoridade "e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar" (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre associados ao Reino de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermédio deles:

"Disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel" (Lc 22,29-30).

                              552) No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar (Mc 3, 16 ; 9, 2 ; Lc 24, 34 ; 1 Co 15, 5). Jesus confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia confessado: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor lhe declara na ocasião: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Cristo, "Pedra viva" (1 Pd 2, 4); garante a sua Igreja construída sobre Pedro a vitória sobre as potências de morte. Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja. Terá por missão defender esta fé de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmãos (Lc 22, 32).


(Insígnea do Vaticano. As chaves do Reino simbolizam o poder de "ligar e desligar", e a coroa do bispo simboliza o poder do magistério doutrinal)


                              553) Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos Céus" (Mt 16,19). O "poder das chaves" designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, "o Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreição: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). O poder de "ligar e desligar" significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos (Mt 18, 18) e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino.


UM ANTEGOZO DO REINO: A TRANSFIGURAÇÃO

                              554) A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Mestre "começou a mostrar a seus discípulo que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse... que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia" (Mt 16,21): Pedro rechaça este anúncio (Mt 16, 22-23), os demais também não o compreendem (Mt 17, 23 ; Lc 9, 45). É neste contexto que se situa o episódio misterioso da Transfiguração de Jesus ( Mt 17, 1-8 par. ; 2 Pd 1, 16-18) sobre um monte elevado, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e João. O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, "falavam de sua partida que iria se consumar em Jerusalém" (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do céu diz: "Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35).

                              555) Por um instante, Jesus mostra sua glória divina, confirmando, assim, a confissão de Pedro. Mostra também que, para "entrar em sua glória" (Lc 24,26), deve passar pela Cruz em Jerusalém. Moisés e Elias haviam visto a glória de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias (Lc 24, 27). A Paixão de Jesus é sem dúvida a vontade do Pai: o Filho age como servo de Deus (Is 42, 1). A nuvem indica a presença do Espírito Santo: "Tota Trinitas apparuit: Pater in voce; Filius in homine, Spiritus in nube clara" (São Tomás de Aquino) - (Trad: A Trindade inteira apareceu: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara):

"Vós vos transfigurastes na montanha e, porquanto eram capazes, vossos discípulos contemplaram vossa Glória, Cristo Deus, para que, quando vos vissem crucificado, compreendessem que vossa Paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que vós sois verdadeiramente a irradiação do Pai" (Liturgua Bizantina, Kontakion).


(A transfiguração de Jesus sobre o monte Tabor)

                              556) No limiar da vida pública, o Batismo; no limiar da Páscoa, a Transfiguração. Pelo Batismo de Jesus, "declaratum fuit mysterium primae regenerationis" (trad: foi manifestado o mistério da primeira regeneração): o nosso Batismo; a Transfiguração "est sacramentum secundae regenerationis" (trad: é o sacramento da segunda regeneração): a nossa própria ressurreição (S. Tomás de Aquino). Desde já participamos da Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos do Corpo de Cristo. A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, "que transfigura nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso" (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também "que é preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (At 14,22):

"Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a montanha (Lc 9, 33). - Mas, Pedro, isso Ele te reservou para depois da morte. Mas agora Ele mesmo te diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu, Pedro, te recusas a sofrer? - " (S. Agostinho, sermão 78, 6 : PL 38, 492-493)


A SUBIDA DE JESUS A JERUSALÉM

                              557) "Ora, quando se completaram os dias de sua elevação, Jesus tomou resolutamente o caminho de Jerusalém" (Lc 9, 51; Jo 13, 1). Com esta decisão, indicava que subia a Jerusalém pronto para morrer. Por três vezes tinha anunciado sua Paixão e sua Ressurreição (Mc 8, 31-33 ; 9, 31-32 ; 10, 32-34). Ao dirigir-se para Jerusalém, disse: "Não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém" (Lc 13,33).

                              558) Jesus lembra o martírio dos profetas que tinham sido mortos em Jerusalém (Mt 23, 37a). Todavia, persiste em convidar Jerusalém a congregar-se em torno dele: "Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe seus pintainhos debaixo das asas... e não o quiseste" (Mt 23,37b). Quando Jerusalém está à vista, chora sobre ela (Lc 19, 41) e exprime uma vez mais o desejo de seu coração: "Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isto está escondido a teus olhos" (Lc 19,42).


A ENTRADA MESSIÂNICA DE JESUS EM JERUSALÉM

                              559) Como vai Jerusalém acolher seu Messias? Embora sempre se tivesse subtraído às tentativas populares de fazê-lo rei ( Jo 6, 15), Jesus escolhe o momento e prepara os detalhes de sua entrada messiânica na cidade de "Davi, seu pai" (Lc 1,32; Mt 21, 1-11). É aclamado como o filho de Davi, aquele que traz a salvação ("Hosana" quer dizer "salva-nos!", "dá a salvação!") Ora, o "Rei de Glória" (Sl 24,7-10) entra em sua cidade "montado em um jumento" (Zc 9,9): não conquista a Filha de Sião (figura de sua Igreja), pela astúcia nem pela violência, mas pela humildade que dá testemunho da Verdade (Jo 18, 37). Por isso os súditos de seu Reino, nesse dia, são as crianças (Mt 21, 15-16 ; Sl 8, 3) e os "pobres de Deus" que o aclamam como os anjos o anunciaram aos pastores (Lc 19, 38; 2, 14). A aclamação deles - "Bendito seja o que vem em nome do Senhor" (S1 118,26)- é retomada pela Igreja no "Sanctus" da liturgia eucarística, para abrir o memorial da Páscoa do Senhor.

                              560) A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai realizar pela Páscoa de Sua Morte e de Sua Ressurreição. É com Sua celebração, no Domingo de Ramos, que a liturgia da Igreja abre a grande Semana Santa.




RESUMINDO

                              561) Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: seus silêncios, seus milagres, seus gestos, sua oração, seu amor ao homem, sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na Cruz pela redenção do mundo, Sua Ressurreição constituem a atuação de sua palavra e o cumprimento da Revelação.

                              562) Os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até Ele se formar neles ( Gl 4, 19). É por isso que somos inseridos nos mistérios de sua vida, com Ele configurados, com Ele mortos e com Ele ressuscitados, até que com Ele reinemos (Lumem gentium, item 7).

                              563) "Seja pastor, seja mago, não se pode atingir a Deus na terra senão ajoelhando-se diante da manjedoura de Belém e adorando-O escondido na fraqueza de uma criança.

                              564) Por sua submissão a Maria e a José, assim como por seu humilde trabalho durante longos anos em Nazaré, Jesus nos dá o exemplo da santidade na vida cotidiana da família e do trabalho.

                              565) Desde o início de sua vida pública, em seu Batismo, Jesus é o "Servo", inteiramente consagrado à obra redentora que se realizará pelo "Batismo" de sua paixão.

                              566) A tentação no deserto mostra Jesus, Messias humilde que triunfa sobre Satanás por sua total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai.

                              567) O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo. Manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o germe e o começo desde Reino. Suas chaves são confiadas a Pedro.

                              568) A Transfiguração de Cristo tem por finalidade fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão: a subida à "elevada montanha" prepara a subida ao Calvário. Cristo, Cabeça da Igreja, manifesta o que seu Corpo contém e irradia nos sacramentos "a esperança da Glória" (Cl 1,27; S. Leão Magno).

                              569) Jesus subiu voluntariamente a Jerusalém, embora soubesse que lá morreria de morte violenta por causa da contradição por parte dos pecadores (Hb 12, 3).

                              570) A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias, acolhido em sua cidade pelas crianças e pelos humildes de coração, vai realizar por meio da Páscoa de Sua Morte e Ressurreição.

.

Nenhum comentário: